Texto: Rodrigo Ortega. Fonte: G1 (São Paulo)
Foto: Reprodução. Fotos:
Edição: Jorge
Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante)
Carlinhos ex-P.O.
(Foto: Diego Baravelli/G1)
Uma
música despretensiosa mudou a vida de José Carlos dos Santos, filho de um
pipoqueiro da pequena Taquaral de Goiás.
PAPO DE
JACARE
http://youtu.be/9ODNDOYW4bQ
Carlinhos
é um dos nomes do especial “One hit wonders” do G1. Eles contam a experiência
de ter um sucesso só. Levantamento da empresa Crowley mostra que estes músicos
figuraram apenas uma vez no "top 100" anual de rádio do Brasil entre
2000 e 2014.
'Vida mudou'
"Foi
a primeira vez que a gente viu esse valor. Eu trabalhava em bandas de baile,
conseguia me virar criando os filhos com dignidade. Na época da música eles
estavam entrando na faculdade e o sucesso me deixou mais tranquilo. A vida
mudou", diz. Hoje o artista de 52 anos mora em Goiânia e tem cinco filhos
e quatro netos. Ele tem muito mais recursos do que na infância em Taquaral,
onde o pai começou como lavrador e depois vendia pipoca na rua, e a mãe era
dona de casa.
"Ainda
tenho que ralar, mas até hoje os direitos de 'Papo de jacaré' são um
acréscimo", diz o coautor e intérprete da canção. Ele trabalha com
produção musical e ainda grava e se apresenta como Carlinhos P.O. Box - sem o
resto dos músicos da época do hit.
Carlinhos P.O. Box em casa em Goiânia
(Foto: Diego Baravelli/G1) |
O P.O.
Box resolveu "dar um tempo" em 2003. "Tinha uma 'superexposição'
e gostávamos de estar com a família. Seguimos com outros projetos e continuamos
amigos." Carlinhos diz que se sentia cobrado para produzir mais sucessos
irreverentes como "Papo de jacaré", mas ignorou a expectativa.
Recusa a
músicas ‘apelativas’
"Nunca
tivemos aquela pretensão de fazer músicas com palavrão, apelativas. Nesse
segmento pop tem que dar uma 'diluída' no trabalho, e a gente não queria
aquilo. Havia pressão da gravadora de produzir sempre músicas repetitivas,
então decidimos dar uma parada", afirma.
A faixa
"Não tô entendendo" chegou a ter destaque na novela
"Uga-uga", em 2001, mas a repercussão não chegou perto da hit que
rimava "língua" com "íngua". "Papo de jacaré"
levou o PO Box a vender mais de 800 mil discos, contabiliza Carlinhos. Depois
de 2003, a banda chegou se juntar, mas nunca voltou em turnê.
Do
‘Jacaré’ a Janis Joplin
Com a
situação financeira mais tranquila, mas não garantida, Carlinhos divide o tempo
atual entre projetos mais comerciais e outros só pelo prazer de tocar. Ele está
montando uma banda de rock com amigos para tocar rock: “Pink Floyd, Led
Zeppelin, Deep Purple, Creedence, Janis Joplin, tudo isso está no repertório. E
Joe Cocker, que é meu ídolo”, adianta.
Mas o
cantor ainda se apresenta como Carlinhos P.O. Box, com um repertório de pop
romântico. Neste ano ele lançou as baladas “Curtir alguém” e “De lua” no
YouTube. Antes disso, ele cantou um ano e meio como backing vocal dos
sertanejos Bruno & Marrone. O novo projeto é de uma turnê baseada em
sucessos dos anos 70, chamada “Canções que ouvimos e gostamos de cantar”.
Carlinhos
P.O. Box (Foto: Diego Baravelli/G1)Carlinhos P.O. Box (Foto: Diego
Baravelli/G1)
15
minutos de fama
Carlinhos
fala com saudade, mas sem mágoa, do sucesso que passou. ”Uma vez fomos ao
programa do Faustão só para cantar uma música e, como a audiência levantou, nos
deixaram no ar por mais de 15 minutos”, lembra. A fala remete sem querer à
máxima creditada a Andy Warhol sobre a fama fugaz. O tempo no ar, para
Carlinhos, foi suficiente para mudar a carreira: “Você entra no Projac em um
patamar e sai em outro”, lembra.
“A gente
estava lá correndo atrás, contando a grana para pagar o ônibus, ou dormindo no
piso do estúdio, e no outro dia ali recebendo um disco de ouro no programa da
Xuxa”, lembra. “O bom foi que não deslumbrou a gente. Nunca fomos de droga, de
bebida, ou vida desregrada. Viemos de família humilde e melhoramos muito. A
lição que ficou foi de que o sucesso muda as pessoas, sim. O que não pode é
mudar para pior.”
Carlinhos
P.O. Box ganhou o correspondente a R$ 350 mil por direitos de
'Papo de jacaré'
no ano 2000 (Foto: Diego Baravelli/G1).
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