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terça-feira, 31 de março de 2015

Filha de Glauber Rocha lança disco e é comparada a Gal e Cássia Eller



Fonte: G1 (São Paulo)
EdiçãoJorge Luiz da Silva              
Serrinha, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)



A cantora Ava Rocha lança o disco 'Ava Patrya yndia Yracema'
(Foto: Rafael Salim/Divulgação)

Ava Rocha divulga o primeiro trabalho solo, 'Ava Patrya Yndia Yracema'.
'Sinto que tenho uma conexão muito forte com ele [Glauber], espiritual até'.
Shin Oliva Suzuki

Ava Rocha tem um caminho que parece sempre fluir para diferentes tipos de arte. Filha de dois cineastas, desde nova teve proximidade com o cinema. Seus trabalhos na área acabaram levando ao teatro e em 2006 ela fez filmagens da peça "Os sertões", de José Celso Martinez Corrêa. E foi no teatro que ela começou a considerar mais a sério uma outra carreira, a de cantora. Quase dez anos depois desse momento, Ava lança seu primeiro disco solo, "Ava Patrya Yndia Yracema" e vem sendo comparada a Gal Costa e Cássia Eller.

"Engraçado me compararem com elas, já que as duas não se parecem muito. Acho que é uma relação mais antropofágica, a gente está constantemente absorvendo, recriando, devorando [influências]. Respeito muito as duas, elas são maravilhosas e fico honrada com as comparações. Eu tenho uma voz grave, mas acho que é mais uma tentativa de me identificar com alguma coisa", afirma Ava Rocha.

Outro nome de cantora aparece quando relembra o episódio que deu o empurrão para abraçar a nova carreira: Marlene Dietrich. "O Zé [Celso] soube através de uma amiga que eu cantava e pediu para que acompanhasse ele no piano. Cantei Nelson Cavaquinho e outras várias músicas.
Ele ficou superemocionado e disse 'Você tem que cantar no espetáculo ['Os sertões']", conta.
"Aí comecei a cantar 'Luar do sertão', substituindo uma gravação com a Marlene Dietrich cantando essa música, e comecei a fazer parte daquilo. Então a experiência do teatro reconectou tudo em mim: o cinema, a música, o teatro, a performance."

A cantora Ava Rocha (Foto: Rafael Salim/Divulgação)

Ela já tinha lançado um disco com uma banda, que levava o nome de Ava, e para a primeira obra solo recrutou como produtor o músico Jonas Sá, que participou do disco "Cê", de Caetano Veloso. "Queria um disco pop, inventivo, quente, político, sensual, um disco que reunisse uma série de elementos com uma linha inventiva, que a gente pudesse pirar. Chamei o Jonas muito por conta disso, um cara que também transa com cinema", afirma.
O jeito de falar de Ava, que vive no Rio e tem 36 anos, muitas vezes evoca expressões dos anos 1960/1970. Algo que se reflete no disco, com uma sonoridade próxima do tropicalismo, com arranjos de cordas, guitarras distorcidas e momentos experimentais espalhados ao longo de "Ava Patrya Yndia Yracema".

Negro Léo, seu namorado e cantor/compositor, participa do álbum. A primeira música a ser divulgada do disco, "Você não vai passar", tem autoria dele e curiosamente é cantada sob o ponto de vista de uma mulher que passa um recado ao responsável por sua decepção amorosa.
"Mesmo as canções que falam de amor no disco são muito universais. É um disco muito feminino nesse sentido, de ter diversas mulheres e não uma coisa clichê da mulher. É um disco que tem a amante, a revolucionária, a mãe, a que ficou sozinha... não canções que falam de mim, da minha relação. Eu visto um pouco esses personagens", diz a cantora.

Ava rocha (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar da pouca convivência com o pai, o cineasta Glauber Rocha (1939-1981), Ava afirma sentir uma forte conexão com ele, responsável por marcos do cinema brasileiro como "Deus e o diabo na terra do sol". A cantora tinha só dois anos quando o diretor morreu.
"Eu sinto que tenho uma conexão muito forte com ele, espiritual até. Coisas que para outros pode parecer absurda. Às vezes penso numa coisa e depois vejo que ele tinha pensado algo parecido. Muitas vezes assim, como uma conversa...", diz

Ava Rocha faz uma pausa e elabora melhor: "Mas não são conversas assim 'oi pai', hahahaha. Quero dizer que eu medito, visualizo ele. Não é uma coisa 'ih, ela fala com o cara!'. Pelo amor de Deus, tem muita gente que acha que eu falo com ele. E o que mais tem é gente que me diz 'você sabia que eu falo com o seu pai?'".
Para lançar "Ava Patrya Yndia Yracema", ela planeja para breve shows em São Paulo e Rio, mas ainda sem datas marcadas.


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