Por: Wellton
Máximo. Fonte: Agência Brasil
Edição: Jorge
Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Marcello Casal / Agência Brasil |
Abrir o próprio negócio parece ser a
solução perfeita para quem quer fugir do patrão e, ao mesmo tempo, ajudar a
economia por meio da criação de empregos e do aumento da produção. Esse passo,
no entanto, requer planejamento e cuidado para não terminar em dor de cabeça. A
falta de gestão profissional, dizem especialistas, põe em risco a sobrevivência
das micro e pequenas empresas.
De acordo com o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a taxa de mortalidade das
empresas com mais de dois anos de funcionamento corresponde a 24,6%. Na
prática, uma em cada quatro empresas fecha até dois anos após a criação. Grande
parte do índice pode ser atribuída à má administração.
O principal problema diz respeito à
mistura entre o patrimônio pessoal dos donos e o dinheiro das empresas. A falta
de um sistema claro de contabilidade compromete a manutenção e a capacidade de
investimento das empresas. A dificuldade, dizem os especialistas, não se
restringe aos negócios familiares e acomete grande parte das empresas.
“Sem uma separação definida entre o
patrimônio pessoal e da empresa, os donos ou os sócios fazem retiradas sem o
devido cuidado e põem em risco a contabilidade do negócio”, adverte o consultor
Marcello Lopes. Para ele, os proprietários precisam saber quanto a empresa
rende, para somente então definirem o valor das retiradas. “O empresário não
pode simplesmente retirar o valor que quiser porque a renda dele é determinada
pelo lucro do negócio”, acrescenta.
A falta de profissionalização na administração
das empresas também pode causar problemas com o Fisco. “Por falta de
conhecimento, as retiradas para proveito próprio do dono são registradas como
despesas relacionadas à atividade da empresa, que reduzem o lucro e diminuem o
Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido”, explica o
advogado tributarista Edemir Marques de Oliveira.
Se a Receita constatar que as
despesas foram registradas de forma errada e diminuíram o lucro
artificialmente, ela pode auditar a empresa. “No fim, o empresário vai pagar
ainda mais impostos e ter dor de cabeça mesmo que não tenha tido a intenção de
burlar o Fisco”, diz o advogado.
Pela legislação, as empresas que
faturam até R$ 360 mil por ano pagam os tributos federais, estaduais e
municipais por meio do Simples Nacional. Segundo Lopes, o regime simplificado
de tributação, ao mesmo tempo em que facilitou a vida das empresas,
desestimulou os pequenos negócios a buscar uma gestão profissional. “No Simples
Nacional, basta um livro-caixa para pagar os impostos, mas isso não significa
que as empresas devam ser descuidadas com a administração e a contabilidade”,
diz.
A falta de planejamento compromete o
crescimento das empresas no médio e no longo prazo, principalmente quando as
empresas faturam mais e saem do Simples Nacional. "Uma gestão descuidada
compromete não só o pagamento de impostos como atrapalham a obtenção de crédito
para a empresa porque ela não consegue justificar a contabilidade aos bancos”,
alerta Lopes, que presta orientação a empresas que querem profissionalizar a
administração.
Para Oliveira, o custo de as micro e
pequenas empresas recorrerem a uma consultoria para profissionalizar a gestão
compensa os resultados. Caso o custo seja alto, o advogado aconselha os
empresários a procurar as associações comerciais e as unidades do Sebrae para
receberem orientações sobre a administração dos negócios. “Essas entidades
ajudam o empresário a correr atrás de uma gestão um pouco mais profissional”,
comenta.
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