Por: Ivan Richard. Fonte:
Agência Brasil
Edição: Jorge
Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Dois anos e meio depois de a Lei
Antifumo ser publicada, a presidenta Dilma Rousseff assinou ontem (31/05), no Dia
Mundial sem Tabaco, o decreto que regulamenta a norma e proíbe o fumo em locais
fechados e de uso coletivo, extingue os chamados fumódromos, veta qualquer
propaganda de cigarro no país e amplia o tamanho dos alertas nas embalagens do
produto.
A regra, que será publicada no Diário
Oficial da União na próxima segunda-feira (2), entra em vigor em dezembro. De
acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a regulamentação visa a
desestimular ainda mais o tabagismo e proteger as pessoas que não fazem uso do
cigarro.
Pela regulamentação, será proibido o
consumo de cigarro, cigarrilhas, charutos, cachimbos e outros produtos
considerados fumígenos, como os narguilés, em locais públicos de uso coletivo,
total ou parcialmente fechado, incluindo áreas com toldos, divisórias, além de
espaços que tenham teto e parede em qualquer um dos lados.
“Para ser mais preciso, naquela varanda
do restaurante que tem cobertura, no toldo da banca de jornal, na cobertura do
ponto de ônibus, em todos os locais que são fechados por uma parede ou face,
estará proibido o fumo se [o espaço] for de uso coletivo”, exemplificou Chioro.
A regulamentação também estabelece que
os produtos fumígenos só poderão ficar expostos no interior dos
estabelecimentos de venda. Esses locais serão obrigados a afixar mensagens de
advertência sobre os malefícios do cigarro. “Aqueles displays com propaganda
que ficam dentro dos estabelecimentos ficam proibidos. O máximo que poderá
haver é a exposição das embalagens. [Nesses displays], 20% dessa área de
exposição deverão estar claramente identificando as mensagens de advertência, a
proibição para venda a menores de 18 anos e o preço”, disse o ministro. No caso
das embalagens, a regulamentação determina que as mensagens de advertência
ocupem 100% da parte de trás. A partir de 2016, as empresas deverão incluir o
texto também na parte frontal, ocupando 30% do espaço do maço.
“O Brasil tem feito a lição de casa,
mas a gente não pode se satisfazer com os dados que [mostram que] estamos
melhor que Argentina, Chile, porque a carga de doença e sofrimento relacionado
ao tabaco é extremamente importante”, disse Chioro. Segundo dados do Ministério
da Saúde, só no ano passado, o tratamento das doenças relacionadas ao cigarro
custou R$ 1,4 bilhão ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa,e o ministro da Saúde, Arthur Chioro, anunciam a regulamentação da Lei AntifumoElza Fiuza/Agência Brasil
“Quando contamos as diárias associadas
a essas doenças, como acidente vascular cerebral, infarto, as neoplasias de
pulmão, boca e laringe, além das doenças respiratórias, como enfisemas, em
2013, foram R$ 1,4 milhão em diárias de internação hospitalar no SUS”, destacou
o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa.
Segundo Chioro, a política brasileira
antifumo, iniciada em 1988, com as advertências sobre os males ocasionados pelo
cigarro, depois intensificada com a Lei Antifumo, publicada em 2011, tem
reduzido o uso do tabaco no país. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde,
11,3% dos adultos brasileiros que vivem nas capitais fumam. Em 2006, o índice
era 15,7%.
A proporção de adultos que fumam 20
cigarros ou mais em um dia também diminuiu, passando de 4,6% para 3,4% nos
últimos oito anos. Com a regulamentação, o governo espera reduzir, até 2021, a
menos de 10% o percentual da população de adultos fumantes.
“Queremos baixar a prevalência do
tabagismo para um dígito. E estamos no caminho. Com essas medidas que foram
tomadas, nossas expectativas é que, mantendo a tendência de queda, em 2021,
tenhamos menos de 10% de adultos como tabagistas”, disse Jarbas Barbosa.
O secretário ressaltou a importância
das campanhas contra o cigarro, já que aqueles fumantes que deixam a
dependência passam a ter uma vida mais saudável e há a queda dos gastos
públicos com tratamentos das doenças relacionadas ao tabagismo.
“O efeito do risco de problema
cardiovascular é quase imediato quando a pessoa deixa de fumar, começa dias
depois que a pessoa cessa o [uso do] cigarro. Por isso, é importante não se
considerar o fumante como uma causa perdida. Todo abandono do cigarro traz um
benefício individual e ao sistema de saúde”, frisou Barbosa.
Pela regulamentação, o fumante não será
alvo da lei, mas os estabelecimentos comerciais serão responsáveis por garantir
o cumprimento das normas. “O responsável pelo estabelecimento, se não conseguir
fazer o convencimento, deverá chamar a força policial para cumprir a lei”,
disse o ministro. Em caso de desrespeito à norma, o estabelecimento pode ser
advertido, multado, interditado e até perder a autorização para funcionamento.
As multas variam de R$ 2 mil a R$ 1,5
milhão, dependendo da natureza da infração, que vai variar de leve, grave ou
gravíssima ou reincidência. A fiscalização do cumprimento da lei será de
responsabilidade das vigilâncias sanitárias dos estados e municípios.
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