Por: Paulo Victor
Chagas. Fonte: Agência Brasil.
Edição: Jorge Luiz da Silva
Imagens: vozdooeste.com.br e Agência Brasil
Serrinha, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Ao sancionar hoje (9) a lei que
reserva aos negros 20% das vagas de concursos públicos federais do Poder
Executivo, a presidenta Dilma Rousseff disse esperar que a medida sirva de
exemplo para a adoção de normas similares nos demais Poderes, entes federados e
na iniciativa privada.
“Esta é a segunda lei que eu tenho a
honra de promulgar com ações afirmativas, para fechar um fosso secular de
direitos e oportunidades engendrados pela escravidão e continuados pelo
racismo, ainda existente entre negros e brancos em nosso país”, disse, em
referência à Lei de Cotas para as universidades federais.
A lei, originada em um projeto do
Executivo enviado por Dilma em novembro do ano passado, foi aprovada pelo
Senado no último dia 20. Além da administração pública federal, a nova lei se
aplica a autarquias, fundações e empresas públicas, além de sociedades de
economia mista. A norma começa a valer amanhã (10), após publicação no Diário
Oficial da União, e vai vigorar, inicialmente, por dez anos.
Segundo
o texto da lei, poderão concorrer na reserva para candidatos negros todas as
pessoas que se autodeclararem pretas ou pardas na inscrição para o concurso
público, seguindo o quesito de cor ou raça utilizado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).Os candidatos negros concorrerão
concomitantemente às vagas reservadas e às vagas destinadas à ampla
concorrência, de acordo com a sua classificação no concurso.
Segundo Dilma, o sistema que está
sendo implantado “assegura que o mérito continua a ser condição necessária para
ingresso dos candidatos”, sendo que a lei altera “apenas a ordem de
classificação, privilegiando os candidatos negros”.
De acordo com a ministra da Secretaria
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, a mudança
é um passo importante na superação das desigualdades raciais e vai garantir a
participação da população negra em funções mais valorizadas. Ela citou como
exemplo a Lei de Cotas nas universidades, que determinou que, a partir de 2013,
parte das vagas em universidades federais sejam ocupadas por ex-estudantes de
escolas públicas, com reserva de vagas para estudantes pretos, pardos e
indígenas.
Para Luiza Bairros,
depois de garantir que as pessoas que sofrem preconceito pudessem ter mais
oportunidades de entrar no ensino superior, era necessário dar condições de
acesso a empregos que exigem maior qualificação. “A discriminação é maior
quanto mais valorizada é a ocupação, o que nos obriga a tomar dentro do mercado
medidas para corrigir esse tipo de distorção”, disse a ministra a Agência
Brasil, em entrevista pouco antes da sanção da lei.
Segundo Luiza Bairros, o governo optou
pelo envio do projeto com urgência para que a proposta não ficasse parada no
Congresso. “Em função de existirem em tramitação várias propostas sobre a
população negra e igualdade racial, se deixássemos ao sabor de processo de
discussão do Parlamento, poderia demorar”. A ministra espera que o apoio “suprapartidário”
que levou à aprovação da lei seja “um indicativo de aceitação que ela tem no
conjunto da sociedade brasileira”.
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