Por: Cristina Indio do Brasil. Fonte:
Agência Brasil
Serrinha, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Foto: jornalbrasil.com.br
O tratamento da hepatite C no
Brasil está em pé de igualdade com o de países desenvolvidos. Segundo a médica
Cristiane Vilella, responsável pelo atendimento a pacientes com a doença no
Hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os pacientes têm
acesso à medicação, que é fornecida pelo Ministério da Saúde. "É uma
medicação caríssima e o custo é elevadíssimo. Eles têm acesso gratuitamente. O
paciente nem precisa ter um plano de saúde para poder se tratar. Isso é muito
interessante".
O problema, na opinião dos
especialistas, é a falta de informação. Para o responsável pelo Ambulatório de
Hepatites Virais e Infectologia da Universidade Federal de São Paulo, Paulo
Abrão, o teste de diagnóstico da doença deveria ser incluído automaticamente
nos exames de sangue de rotina. Ele ressaltou que, como a doença não tem
sintomas no início da infecção, muita gente não sabe que já está com o vírus.
Imagem: domingosmedrado.blogspot.com
"Acho que a população ainda
precisa de mais esclarecimento. Muitas pessoas têm a doença e não tem o
diagnóstico. Quanto mais a gente falar sobre isso e alertar sobre a
transmissão, estimular as pessoas a fazerem o exame diagnóstico é melhor".
Dados do Ministério da Saúde mostram que por ano surgem 10 mil novos casos de
hepatite C no Brasil. A doença provoca anualmente 2 mil mortes e representa 70%
das hepatites crônicas.
Cristiane Vilella disse que, em
geral, quando a pessoa começa a ter sintomas já tem a doença hepática
descompensada. Neste caso, o paciente começa a ficar com os olhos amarelos, com
água na barriga, problemas neurológicos e aí não tem opção que não seja o
transplante de fígado".
Segundo os especialistas, o
diagnóstico precoce é a melhor forma de combater a hepatite C. Uma das
primeiras medidas para isso, é detectar se o paciente faz parte do grupo de
risco. Em primeiro lugar, são do grupo de risco todos os que receberam
transfusão de sangue antes de 1992, porque foi a partir daí que os bancos de
sangue começaram a fazer a triagem dos doadores. Antes disso, ninguém conhecia
o vírus. Se a pessoa estiver nesta condição deve fazer o teste de sangue para
verificar se tem a doença.
"Outra condição são
pacientes que receberam transplante de órgãos também a partir de 1992. Ainda
estão na lista pacientes com doença renal crônica e que fazem hemodiálise, os
que usam drogas ilícitas que compartilham seringas e pessoas que têm contato
domiciliar com alguém que tem hepatite", disse. A médica lembrou também o
risco de compartilhar alicates de cutícula ou objetos cortantes.
Recentemente, nos Estados Unidos
há recomendação para que as pessoas nascidas entre 1945 e 1965 também façam o
teste. "É uma faixa etária em que existe prevalência muito alta de pacientes
infectados. Em alguns pacientes não é possível saber como se infectaram".
A médica admitiu que isso pode ser "um pouco alarmante" para a
população, mas é uma informação interessante. "Ninguém precisa sair
correndo para fazer o teste, mas uma vez por ano a pessoa faz uma checagem no
nível de colesterol, triglicerídios, glicose e pode incluir nessa avaliação
anual o teste para a hepatite C".
A médica explicou que a hepatite
tipo C não é a forma mais grave, mas é a que requer atenção porque pode evoluir
para uma doença crônica. Segundo ela, a hepatite C é a maior causa de cirrose
no mundo. Ela lembrou que a evolução da doença é completamente diferente de
acordo com o estilo de vida de cada pessoa. "Estilo de vida saudável é bom
para todo mundo, ainda mais para quem tem hepatite C".
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