Por: Karine Melo. Fonte: Agência
Brasil
Fotos: gestaoderestaurantes.wordpress / tst.jus.br / camocimonline
Serrinha, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Tradição entre os brasileiros, os
10% de gorjeta deixados em bares, restaurantes e hotéis nem sempre vão para o
bolso dos garçons, como esperam os clientes. Para pacificar essa situação, um projeto de lei (PLC 57/2010) aprovado hoje
(14) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado deixa mais claro o rateio
desse valor.
A proposta já aprovada na Câmara
não torna a cobrança obrigatória, mas estabelece que os 10% façam parte da
contribuição previdenciária e do cálculo para a aposentadoria. Pela proposta,
80% do valor extra pago pelos clientes deve ser repassado integralmente aos
funcionários. Os outros 20% poderão ser descontados no pagamento encargos
sociais e previdenciários pelos empresários.
Na prática, a Carteira de
Trabalho do empregado deverá trazer, além do salário fixo, o percentual
recebido de gorjeta. Caso a cobrança seja suspensa, o empresário deverá
incorporar o valor pago ao salário do empregado, pela média dos últimos 12
meses.
Segundo o projeto, todos os
envolvidos no serviço – copeiros, cozinheiros, ajudantes de serviços gerais –
também devem entrar no rateio da gorjeta. Já os percentuais a que cada
trabalhador terá direito deverá ser acertado por acordo coletivo pelos
respectivos sindicatos.
O projeto determina também que os
sindicatos criem uma comissão para fiscalizar os repasses, além de multa de um
quinze avos – com base na média diária de gorjeta – ao empresário que não fizer
o pagamento corretamente. O objetivo é evitar faudes
Representantes de trabalhadores
de hotéis, bares e restaurantes comemoram com aplausos a aprovação do projeto
na Comissão. "A grande vantagem da regulamentação dos 10% é que, de agora
em diante, nós trabalhadores que recebemos a taxa de serviço da gorjeta vamos
ser beneficiados com uma aposentadoria decente”, destacou o presidente da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh),
Moacyr Tesh.
“Muitos empresários recebem os
10% e não repassam para os trabalhadores e não fazem o recolhimento para a
Previdência. Já um garçom, um recepcionista que recebe esses valores junto com
o salário no fim do mês, quando se aposenta, só recebe os benefícios com base
no piso da categoria", completou o presidente da Contratuh.
Segundo dados do Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho de 2011, no
Brasil, 2 milhões de pessoas trabalham no setor de hotéis, bares, restaurantes
e similares.
Caso seja acatado, o requerimento
de urgência da matéria no plenário do Senado, a expectativa do senador
Lindbergh Faria é a de que a votação final ocorra antes do recesso parlamentar
de julho.
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