Por: Alexandre Lyrio. Fonte:
Ibahia.
Fotos:
brasil247.com / vadcnete.com / joaorocha2.blogspot.com
Edição:
Jorge Luiz da Silva
Serrinha,
BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Alemanha,
França, Holanda, Espanha, Portugal, Suíça, Bósnia e Irã terão, cada um, em
média, sete agentes de seus países em solo brasileiro
Em
meio ao aparato de segurança das Forças Armadas e das polícias Militar, Civil e
Federal que estarão em Salvador para a Copa do Mundo, também haverá gringos em
serviço. Todos os países que disputarão
jogos na capital baiana vão trazer policiais para fazer a segurança de seus
torcedores e dar apoio ao policiamento local.
Alemanha,
França, Holanda, Espanha, Portugal, Suíça, Bósnia e Irã terão, cada um, em
média, sete agentes de seus países em solo brasileiro. De acordo com a Polícia
Federal (PF), dois desses representantes ficarão fixos em Brasília, no Centro
Nacional de Cooperação Internacional, montado pela PF e vinculado à Organização
Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Os demais vão às ruas e aos
estádios de cada cidade-sede para acompanhar seus torcedores nos dias em que as
suas respectivas seleções entrarem em campo.
Para
a fácil identificação pelos cidadãos de seus países, os policiais vão estar
vestidos com suas próprias fardas. Todos serão o tempo inteiro acompanhados por
policiais federais brasileiros que falam pelo menos inglês.
“A ideia é proporcionar o intercâmbio de
informações entre nós e as polícias estrangeiras. Exemplo: se a polícia da
Argentina souber que um grupo de torcedores violentos, os barras-bravas, estão
vindo para Salvador, eles são o melhor canal de informação”, afirma Fernando
Berbert, delegado da PF e coordenador regional para grandes eventos.
Polícia
portuguesa terá seis agentes em Salvador (Foto: Reprodução)
“A
mesma coisa com a Alemanha e a Inglaterra. Se por acaso, grupos de hooligans
estiverem se reunindo, identificados por determinados tipos de comportamento,
nós ficamos sabendo e podemos agir. Atualmente, além dos hooligans, existem na
Europa os chamados ‘ultras’, ainda mais radicais”, observa o delegado.
Prevenção
A
presença dos policiais gringos também pretende combater manifestações de
intolerância religiosas, políticas e racistas por parte dos estrangeiros.
“Imagine que pode existir um grupo iraniano com cartazes de mensagens radicais
contra outros grupos. Ninguém melhor para identificar esse tipo de situação que
os policiais deles. Como eles vão estar o tempo inteiro ao lado de um policial
da nossa inteligência, qualquer informação de suposta crise ou ameaça vai
circular facilmente”, explica Adriana Tapioca, assessora especial da Secretaria
Estadual para Assuntos da Copa (Secopa) e interlocutora para assuntos de
segurança pública.
Credenciados
pela Fifa, os policiais poderão circular por onde desejar, inclusive dentro das
arenas, e também terão assento no Centro Integrado de Comando e Controle
Regional (CICCR), localizado no Parque Tecnológico, na Paralela. “Poderão ficar
na entrada do estádio, onde fica o raio-X, no ponto de verificação de veículos,
no CICCR e no Centro de Comando e Controle Interno, dentro da Arena”, explica
Adriana.
A
presença dos estrangeiros também visa tranquilizar os visitantes. “É uma dupla
função. Se um estrangeiro também sofrer algum incidente, ele vai se sentir mais
seguro em ver um policial do seu país no local”, acredita Adriana, que
participou de dezenas de reuniões com as polícias, Forças Armadas e consulados
para alinhar a atuação.
O
CORREIO não conseguiu contato com a Embaixada do Irã, que joga em Salvador
contra a Bósnia. Esta, por sua vez, não tem Embaixada no Brasil.
Prática
A
entrada de forças de segurança de outros países no Brasil é vista com
naturalidade. Na verdade, é uma prática em grandes eventos. “É comum em eventos
deste porte no mundo inteiro. Países-sede convidam representantes das polícias
participantes para representar tanto suas delegações quanto seus nacionais”,
afirma o delegado da PF. Os representantes das polícias também darão eventual
apoio às delegações. Mas só se for necessário, já que isso é função da polícia brasileira.
O
principal objetivo deles não é com as seleções. Mas de dar apoio aos torcedores
que estarão aqui, facilitando a atuação da polícia local. Além dos policiais
brasileiros que falam inglês, a maioria dos estrangeiros também fala português.
“As línguas diplomáticas da Interpol são inglês, espanhol e francês, mas
normalmente os enviados aos países-sede falam a língua local. Eventualmente há
um país que não o faça, por isso todos os nossos falam inglês”, diz Adriana.
Assim, os gringos completam o time da segurança.
Foto meramente ilustrativa
Forças
Armadas vão ‘envelopar’ capital baiana
Os
mais de 2,3 mil homens das Forças Armadas que vão atuar em Salvador durante a
Copa serão coordenados pela Marinha (2º Distrito Naval), à frente da
Coordenação de Defesa de Área. Em momentos determinados, a cidade será
“envelopada”. “Em alguns momentos, nenhuma aeronave comercial poderá usar nosso
espaço aéreo e toda embarcação deve ser inspecionada. O Exército protege as
fronteiras. É o envelopamento”, explica Adriana Tapioca, interlocutora da
Secopa para a segurança.
As
Forças Armadas não vão patrulhar ruas. Irão cuidar, sim, da infraestrutura
crítica que pode impactar diretamente no evento, como aeroporto e usinas de
energia e água. São também força de contingência, ou seja, podem dar apoio à
segurança pública se necessário. “Não estão aqui para isso e só fazem se houver
um decreto da Presidência da República”. Entram em ação também em caso de QBRN,
ou seja, com risco de armas químicas, bacteriológicas, radiológicas e
nucleares.
Consulados
alertam até sobre ‘boa noite cinderela’
Os
consulados locais dos países que vão enviar à Bahia um número considerável de
visitantes alertam seus cidadãos sobre a segurança. Cientes da violência que
assola o Brasil, inclusive Salvador, as embaixadas fazem recomendações
diversas, algumas delas em formato de cartilhas impressas e online. Os
materiais, na verdade, trazem informações bastante diversas. Mas, entre as
dicas turísticas, de saúde e comportamento, há as recomendações sobre como
cuidar da integridade física.
O
Consulado espanhol vai distribuir material que dá alerta sobre os perigos de
andar sozinho em lugares ermos. “Tome todas as preocupações para evitar roubo e
incidentes. Se recomenda evitar andar sozinho por locais escuros. Evite objetos
de valor como joias, relógios e câmeras”.
O
texto chega a alertar sobre o famoso “boa noite cinderela”. “Não aceite bebidas
de estranhos e não perca de vista a sua bebida”, reza a cartilha. “Mas essas
são recomendações de praxe. Sabemos que isso existe em qualquer país. O Brasil
é um país continental, com problemas continentais. Você pode ser assaltado em
qualquer lugar no mundo”, diz o vice-cônsul da Espanha na Bahia, Juan Manuel
Caserza.
O
cônsul de Portugal, José Manuel Lomba, aconselha: “As pessoas não podem chegar
aqui e achar que podem entrar em qualquer lugar. Turistas atraem marginais.
Basta evitar zonas afastadas e procurar não andar com valores”. Um folheto
informativo também será distribuído aos visitantes logo na saída de Portugal e
na chegada ao Brasil.
Os
conselhos alemães usam do bom senso. “As recomendações que a gente sempre dá
são as seguintes: faça como os brasileiros corretos, observem como se comportam
as pessoas daqui, seja gentil, educado, não perca a paciência e não ande por
locais abandonados”, diz a cônsul da Alemanha, Petra Schaeber, que aponta uma
diminuição no número de visitantes da Alemanha por conta da violência e até das
manifestações.
“Esses
acontecimentos influenciam muito a imagem do Brasil na Alemanha. Nossa
impressão é que teve muita desistência. Mas os que virão não vão se
arrepender”, acredita. Recentemente, consulados cariocas também produziram
cartilhas, mas essas chegam a citar locais que não devem ser frequentados, como
favelas e a própria Lapa. “Não vou ficar indicando onde as pessoas não devem
ir. Prefiro dizer onde elas devem ir. O que não falta aqui é lugar bom para
frequentar”, opina o cônsul da Espanha.
França
Police
Nationale
A
chamada Polícia Nacional é uma corporação civil que terá seis policiais
franceses em Salvador, dos quais três ficarão nos centros de controle e quatro
vão acompanhar torcedores nos jogos
Holanda
Exclusiva
para grandes eventos
Serão
seis agentes em Salvador. O chefe da polícia holandesa ficará no Centro de
Controle, na Paralela; um policial ficará em Brasília e outros cinco pelas ruas
Portugal
Polícia
de Segurança Pública
A
polícia portuguesa terá seis agentes em Salvador. “Não é para controlar
torcedores. Isso é função da polícia brasileira”, diz cônsul José Manuel Lomba
Alemanha
Nome
não informado
O
mais misterioso. Não informou quantos homens viriam ao Brasil. “Essas questões
são muito delicadas”, esquivou-se a cônsul da Alemanha, Petra Schaeber
Suíça
Kantonspolizei
É
a força de segurança não militarizada. “Sempre há problemas com torcedores mais
agitados”, diz o ministro da Embaixada, Jean-Pierre Reymond
Espanha
Cuerpo
Nacional de Policía
É
uma instituição civil subordinada ao Ministério do Interior. O país vai enviar
sete homens para ajudar na segurança durante o jogo contra a Holanda, dia 13.
Tudo para proteger seus cidadãos e, se for o caso, coibir excessos. “Nossos
homens vão ajudar torcedores a se localizar e ficar de olho nos delinquentes
dos dois lados”, afirmou o vice-cônsul da Espanha na Bahia, Juan Manuel
Caserza. Todos os policiais espanhóis falam português.
Matéria
original: Jornal Correio
Países
vão trazer seus próprios agentes para a Copa no Brasil
0 comentários:
Postar um comentário