Salvador, BA (da redação do Blog MUSIBOL) – Chapéu, gravata
e colarinho engomado era o figurino por excelência dos homens e chapéu e
vestido de organdi, ou seda, o das mulheres que frequentavam o Estádio da
Graça, onde eram realizados os jogos do Campeonato Baiano de Futebol. O
complemento era sombrinhas, bengalas e chicotinhos, indumentária semelhante à
usada nas repartições públicas, escritórios e no caso das mulheres era roupa de
festa, mesmo.
Os baianos daquela época, décadas de 20 e 30, ainda
mantinham rigorosos costumes europeus, mesmo as pessoas de pouco recursos
usavam o traje formal para ir no estádio. A foto acima é de 1926, mostra a
arquibancada do estádio que ficava na hoje rua Euclides da Cunha, durante o
jogo entre os clubes do Bahiano de Tênis e Vitória. A outra foto é de 1929. Em
ambas observa-se a predominância do público masculino.
A construção do Estádio da Graça trouxe novos costumes para
os torcedores de futebol, além do conforto. Antes, as pessoas assistiam os
jogos em pé, ao lado da linha lateral, isolados por uma corda de sisal. E as
mulheres e os mais idosos usavam pesadas cadeiras de madeira, que naquele tempo
não existia o mobiliário de plástico, ou fibra. Os assentos eram transportados
em carroças de jegue, já que o serviço de bonde não aceitava carregar
equipamentos daquele porte e peso. No Estádio da Graça a maioria assistia o
jogo sentado sobre a madeira de lei da arquibancada ou em almofadas trazidas de
casa. A arquibancada era de madeira mas muito bem construida e com manutenção
em dia, tanto que nunca despencou.
A moda do paletó e gravata no Estádio da Graça era extensiva
também aos bandeirinhas que compareciam ao campo com uma farda de
ocasião;apenas o juiz que corria o tempo todo e suava usava uma roupa mais
leve. Este figurino prevaleceu até meados da década de 40 quando a Liga de
Futebol permitiu trajes mais condizentes com o calor dos trópicos.
Os repórteres também compareciam com traje a rigor para
fazer as transmissões ao vivo, através de uma linha telefônica, sem retorno de
àudio. O jornalista narrava o jogo mas não tinha certeza se a linha completara
a ligação e se de fato ocorrera a irradação pelo rádio. E tinha ainda a questão
de uma linha apenas disponível para o primeiro a chegar. Mas isso é assunto
para outro post.
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