Fonte: Agência Brasil
Edição: Jorge Luiz
da Silva
Serrinha,
BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
De
acordo com o designer gráfico Flavio Soares, criador da iniciativa junto com as
amigas Daniela Name e Andréa Cals, o objetivo não é criticar o real nem a
política econômica e muito menos incentivar o calote, mas sim expor lugares que
cobram preços abusivos, bem como divulgar lugares com valores mais razoáveis.
“Surgiu
quase que como um reflexo natural, não foi uma coisa planejada por dias, meses.
Na verdade a insatisfação tem anos e se agravou nesses últimos meses,
esquentando as chuteiras para a Copa, tá todo mundo chutando os preços para o
céu”, disse. “O que nós três concluímos é que a gente estava falando alguma
coisa que já estava todo mundo chocado, foi algo natural [a repercussão
imediata]”, completou.
Movimento
apartidário, o Rio $urreal, por enquanto, tem colhido relatos e postado no
Facebook. Mas, segundo Flavio, a ideia é unir pessoas interessadas em ver as
coisas funcionando direito. “A gente ainda está sob o impacto da quantidade de
adesões, do tamanho que a coisa está tomando. Certamente não vamos deixar isso
cair no vazio, não é só reclamação. O primeiro objetivo é reclamar tanto que
quem está praticando preços abusivos se toque, se constranja, se ilumine ou
tenha medo de perder clientela e de fato abaixe os preços”, declarou.
Um
prato de strogonoff a R$ 80, misto quente a R$ 30, banana com sorvete a R$ 31 e
croissant a R$ 14 estão entre os preços postados na página. Nas praias, o
serviço também subiu com o calor do verão. O advogado Maurício Mair, carioca,
relata que tudo o que atrai o turista é hiperinflacionado nesta época do ano.
“Para
quem vai à praia, até o aluguel de cadeira, o preço do refrigerante, a famosa
caipirinha carioca. A gente fica indignado, o preço das coisas praticamente
triplicam, dependendo do local onde você vai. Nos pontos turísticos você vê
muita exploração do turista, ainda mais que, agora, está tendo uma procura
maior por conta de ser a cidade da Copa”.
De
acordo com ele, no ponto mais badalado de Ipanema, o Posto 9, na baixa
temporada a caipirinha custa entre R$ 5 e R$ 7 e agora está de R$ 20 a R$ 25.
Em novembro o coco custava R$ 4 e em dezembro passou para R$ 6. Primo de Mair,
Roberto Lima dos Santos trouxe a família de Porto Alegre para conhecer o Rio e
se espantou com os preços. Ele defende uma campanha para melhorar a situação.
“O
sul tem Gramado e Canela, tem a Serra Gaúcha, o Vale dos Vinhedos, diversos
shows, e eu digo para ti que a proporção [do abuso nos preços] é menor. Eu acho
que há necessidade de uma campanha de conscientização governamental com o
comércio local, em qualquer cidade do país, mas principalmente nas cidades
maiores, que contribua para que o turismo cresça e se desenvolva cada vez mais,
sempre com a consciência ecológica, claro”.
Entre
os postos 9 e 10 da Praia de Ipanema, os preços estão, em média, R$ 7 o aluguel
de cadeira ou de guarda-sol e R$ 5 o coco. Mas, procurando um pouco, é possível
achar mais barato. Dono de uma barraca há 15 anos, Jorge Luiz da Silva diz que
pratica a mesma política de preço de quando começou, sem inflação no aluguel de
cadeira e guarda-sol, mesmo com o aumento no verão.
“Do
início do horário de verão até o dia 1º de abril a cadeira é R$ 3 e o
guarda-sol é R$ 4, de 2 de abril até o fim do horário normal a cadeira é R$ 2 e
o guarda-sol é R$ 3. As únicas coisas que a gente não consegue controlar e
repassa o aumento é na bebida, porque chega o verão e a gente também sofre com
a máfia do gelo, sofre com a máfia do coco”, disse.
Silva
relata que o saco de 20 quilos de gelo custa normalmente R$ 7 e passa para R$
12 no verão, chegando a R$ 20 em datas festivas como Natal, ano-novo e
carnaval. “Eu uso uma média de 25 sacos por dia, imagina como aumenta o custo
disso”, ressaltou.
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