Por: Mariana Tokarnia. Fonte e fotos: Agência
Brasil.
Salvador, BA (da redação itinerante
do Blog MUSIBOL)
Quase todos os professores de
escolas públicas no Brasil (98%) usam livros didáticos, segundo levantamento do
QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann,
organização sem fins lucrativos voltada para a educação. Do restante, 1%
acredita que o livro não é necessário e 1% não usa porque a escola não tem.
O levantamento é baseado nas
respostas ao questionário socioeconômico da Prova Brasil 2011, aplicado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Além disso, os livros didáticos ocupam o segundo lugar dentre os mais lidos
pelos brasileiros, logo depois da Bíblia, segundo levantamento do Instituto
Pró-Livro. No Dia Nacional do Livro Didático, comemorado ontem (27), a Agência
Brasil conversou com especialistas sobre o papel dessas obras no ensino
brasileiro.
“O livro didático é, ainda hoje,
a principal ferramenta de professores e alunos, e ainda é o principal
referencial educativo”, diz a professora da Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo (USP) Circe Fernandes Bittencourt, coordenadora do
Livres, site que reúne as obras escolares de 1810 a 2005. Segundo Circe, ao
longo do tempo o Brasil teve grandes avanços, mas ainda o livro é pensado para
o professor.
“O aluno ocupa o papel de um
consumidor dependente. Não é ele quem escolhe o livro didático. A luta hoje é
por maior autonomia, para que os alunos usem os livros sem precisar sempre de
uma orientação do professor”. Circe acrescenta que um bom professor é aquele
que conhece os alunos e é capaz de fazer uma aula voltada para as necessidades
dos estudantes.
Esse é o objetivo de Cláudio
Antunes Correia, professor no Distrito Federal e diretor de Políticas
Educacionais do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro -DF).
Este ano, ele está fora da sala de aula, mas lecionou de 1993 a 2012. “O livro
didático não é a única ferramenta, nem a principal, mas é necessária. Tentamos
mesclar os livros com textos e exercícios, outras referências que trazemos para
sala de aula”, diz Correia.
O presidente Associação
Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), Sérgio Quadros, diz
que o livro didático é um valioso recurso para o desenvolvimento da educação e
o acesso à cultura. "Em muitos lares brasileiros, ele é o primeiro livro,
abrindo caminho para o hábito da leitura e o aprendizado. Ao longo de dois
séculos, quando começaram a ser produzidos no Brasil os primeiros didáticos, os
livros passaram por inúmeras transformações, visando acompanhar as novas
dinâmicas em sala de aula e contribuir para uma aprendizagem
significativa".
Apesar do esforço para selecionar
a obra mais adequada, a pesquisa do QEdu, mostra que 17% dos professores, o que
equivale a 36,5 mil docentes, não receberam o livro que solicitaram. Além
disso, 7% dos professores (15 mil) dizem que os alunos não receberam o material
no início do ano letivo.
No ensino público, o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por meio do Programa Nacional
do Livro Didático (PNLD) é o responsável pela aquisição e distribuição dos
livros. A distribuição é feita diretamente pelas editoras às escolas, por meio
de um contrato entre o FNDE e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(ECT). Os livros devem chegar às escolas entre outubro e o início do ano
letivo. Nas zonas rurais, as obras são entregues na sede das prefeituras ou das
secretarias municipais de Educação, que devem entregá-las às escolas.
O PNLD é executado em ciclos
trienais, ou seja, a cada ano o FNDE compra e distribui livros para todos os
alunos de determinada etapa de ensino, repõe e complementa os livros
reutilizáveis para outras etapas. Em 2012, foram comprados livros para os
alunos do ensino médio, com investimento de R$ 883,5 milhões para a etapa, para
atender a 9,3 milhões de estudantes entre o ensino regular e a Educação de
Jovens e Adultos (EJA).
Esse número supera o do Censo
Escolar 2012, no qual são registrados 8,1 milhões de alunos. Além disso, houve
a reposição dos livros para o ensino fundamental, somando mais R$ 443,5
milhões.
Para 2013, o investimento foi R$
1,2 bilhão. Pela primeira vez, escolas do campo de 1º ao 5º anos com mais de
100 estudantes receberão obras selecionadas. Está aberto o processo seletivo
para as obras a serem disponibilizadas no ano letivo de 2015. As inscrições vão
até o dia 21 de maio e as editoras podem também apresentar obras multimídia,
que reúnam livro impresso e digital.
A matéria foi alterada para
acrescentar a manifestação do presidente Associação Brasileira de Editores de
Livros Escolares (Abrelivros), Sérgio Quadros