Por: Vladimir Platonow. Fonte: Agência
Brasil.
Fotos: agenciabrasil.ebc.com.br
Salvador, BA (da redação itinerante
do Blog MUSIBOL)
O Ministério da Saúde
desenvolverá, entre os dias 18 e 22 de março, campanha para detecção precoce de
hanseníase em mais de 9,2 milhões de estudantes de escolas públicas, em cerca
de 800 municípios do país. As ações serão executadas por equipes de agentes
comunitários e profissionais do Programa Saúde da Família (PSF).
A medida foi anunciada ontem (27)
pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante o Encontro Nacional do
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).
Participaram da abertura do encontro a ministra da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, o governador do
Rio, Sérgio Cabral, e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva,
que foi um dos homenageados, por ter promovido, quando presidente, ações de
combate à doença e reparação aos antigos pacientes que viviam isolados em
colônias.
Serão priorizados estudantes de 5
a 14 anos, em municípios com alto índice da doença, que antigamente era
conhecida como lepra. Também haverá exames para identificar verminoses. Os
profissionais de saúde vão verificar se os jovens que já foram diagnosticados
com hanseníase estão recebendo tratamento médico adequado.
Durante o encontro do Mohan,
Padilha assinou portaria destinando R$ 1,6 milhão para equipar dez centros de
Prevenção de Incapacidade e Reabilitação. Também haverá repasse de verbas, na
ordem de R$ 4,4 milhões, para construção de academias da Saúde em municípios
que abrigam ex-colônias de hanseníase, com objetivo de proporcionar espaços
dedicados ao aprimoramento físico, em 30 municípios que têm prioridade nos
pedidos de construção de novos polos do programa.
Apesar da diminuição do número de
casos da doença no país, em 2011 foram identificados 33.955 doentes,
representando uma queda de 25,9% em uma década, comparado a 45.874 casos em
2001. Atualmente, a hanseníase está mais presente em sete estados (Mato Grosso,
Tocantins, Maranhão, Pará, Rondônia, Goiás e Mato Grosso do Sul), que têm
coeficiente de prevalência [pacientes em tratamento] acima de três casos para
10 mil habitantes, o dobro na média nacional, de 1,54 caso por 10 mil
habitantes.
A hanseníase é transmitida quando
se tem um contato muito próximo com o doente. Dificilmente é transmitida em um
ônibus ou local público, por exemplo. A doença tem cura e o Sistema Público de
Saúde (SUS) disponibiliza medicamentos gratuitos para o tratamento. O uso de
remédios interrompe a transmissão da doença em 48 horas.
Até a década de 1980, a
legislação recomendava o isolamento compulsório dos pacientes em colônias,
chamadas de leprosários, e obrigava a entrega dos bebês de pais com hanseníase
para adoção, o que levou à separação de milhares de famílias. Em 1986, as
colônias foram transformadas em hospitais gerais, com a abertura dos portões e
a derrubada dos muros.
Em 2007, a Lei 11.520, aprovada
durante o governo Lula, garantiu pensão vitalícia de R$ 750, fornecimento de
próteses e cirurgias pelo SUS aos pacientes. Lula disse que acredita na
erradicação da doença no país. “Eu acho que a presidenta Dilma [Rousseff] tem
todo interesse em fazer com que, até 2015, a gente não tenha mais hanseníase no
Brasil. Eu estou convencido que, quando um governo tem vontade, como tem a
presidenta Dilma, a gente pode chegar em 2015 e anunciar que finalmente acabou
a hanseníase no país”, disse. Lula recebeu o Prêmio Bacurau, pelas suas
contribuições para garantir os direitos humanos aos atingidos pela doença.
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