Salvador, BA (da redação itinerante
do Blog MUSIBOL) – O ministro Joaquim Barbosa, que tomou posse hoje (22) como
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), aproveitou o momento para
criticar a desigualdade de acesso à Justiça e a subordinação pela qual os
juízes precisam se submeter para ascender profissionalmente.
“Há um grande déficit de Justiça
entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados com igual consideração quando
buscam a Justiça. Ao invés de se conferir à restauração de seus direitos o
mesmo tratamento dado a poucos, o que se vê aqui e acolá - nem sempre, é claro,
mas às vezes sim - é o tratamento privilegiado, o bypass. A preferência
desprovida de qualquer fundamentação racional,” disse em discurso.
“De nada valem as edificações
suntuosas, os sistemas de comunicação e informação, se naquilo que é essencial
a Justiça falha porque é prestada tardiamente e porque presta um serviço que
não é imediatamente fruível”, argumentou.
Na última parte do discurso,
Barbosa reforçou a independência do juiz e a necessidade de afastá-lo da má
influência para a ascensão profissional. “Nada justifica a pouco edificante
busca de apoio para uma singela promoção de juiz de primeiro grau. Ele deve
saber quais são suas perspectivas de promoção e não tentar obter pela
aproximação do poder político dominante no momento”, disse o ministro, que foi
muito aplaudido.
Segundo o ministro, os juízes são
“produtos de seu meio e de seu tempo”, e devem atuar de acordo com os valores
da sociedade em que vivem. “Nada mais ultrapassado e indesejado que aquele
modelo de juiz isolado e fechado, como se estivesse encerrado em uma torre de
marfim”.
O novo preisdente finalizou
agradecendo a presença de seus parentes e amigos estrangeiros que vieram ao
país especialmente para prestigiar a posse.
Barbosa é o primeiro negro a
comandar a Suprema Corte e é bastante ligado a questões raciais e faz
referências ao assunto em discursos, votos e conversas. Veio de uma família
simples de Paracatu, em Minas Gerais, e ocupou vários postos até ser convidado
pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para integrar o STF em 2003,
época em que atuava como procurador no Rio de Janeiro.
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