Fotos: carplace.virgula.uol.com.br / tadeuveiculos.com / rj.gov.br
Rio de Janeiro, RJ (da redação
itinerante do Blog MUSIBOL) – O ano de 2013 trará desafios ao setor automotivo,
que este ano foi beneficiado pela redução do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), concedida em junho e prorrogada duas vezes pelo
governo, a última delas até 31 de dezembro. Os fabricantes e revendedores de
veículos não contarão mais com a desoneração - o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, afirmou que a prorrogação mais recente deverá ser a última - e
continuarão operando em um mercado com crédito mais restrito do que na época da
primeira redução do IPI, em 2009. Esse fator contribuiu para mudar o perfil de
quem adquire veículos, já que as financeiras fazem mais exigências e a classe C
não é mais a vedete do mercado.
Apesar da perspectiva menos
favorável do que a atual, a Associação Nacional de Veículos Automotores
(Anfavea) prevê que a comercialização de veículos continuará crescendo.
“Entendemos que o mercado reúne condições de continuar em expansão”, afirmou a
entidade por meio de nota enviada à Agência Brasil.
O economista e consultor de
varejo automotivo Ayrton Fontes diz que não espera recorde para as vendas de
veículos em 2013. O consultor destaca que a inadimplência no financiamento
automobilístico está em 6%, enquanto há dois anos estava entre 2,4% e 2,5%. Por
isso, afirma, os bancos continuarão impondo regras rígidas para a liberação de
crédito. "Acabaram aqueles financiamentos em 60 vezes sem entrada. Para
aprovar [o financiamento] o banco tem uma série de exigências, que são renda
comprovada, casa própria, estabilidade no emprego. Além disso, privilegiam quem
pode dar uma entrada mais alta", destaca.
O empresário Hélio Aveiro, dono
de concessionária de veículos no Distrito Federal e vice-presidente do
Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do DF (Sincodiv-DF),
também relata uma situação de crédito mais restrito. "Está mais difícil.
De setembro para cá melhorou um pouco, com a ajuda da redução do IPI. Mas não
está mais como antes", admite. Ele prevê um Natal bom, em função não
apenas do benefício, mas do pagamento do 13° salário e das promoções de fim de
ano. Aveiro diz ainda que, para 2013, a expectativa é de que a inadimplência
recue e o crédito melhore.
Na avaliação de Ayrton Fontes, o
cenário atual, mais restritivo em relação ao financiamento, levou as classes A
e B a se beneficiaram mais da redução do IPI em 2012 do que a classe C, que em
2009 foi a protagonista da desoneração. "Naquela época, muitos adquiriram
seu primeiro veículo. Agora, o que se tem é uma venda mais para as classes A e
B. Eles têm condição de dar 20%, 40% de entrada e pagar um juro mais baixo nas
prestações", comenta. Para ele, mesmo que a inadimplência apresente algum
recuo no ano que vem, não haverá alteração drástica na concessão de crédito no
curto prazo e, portanto, a situação tende a continuar.
Uma maneira de o setor
automobilístico obter incentivos no ano que vem será o novo regime automotivo,
lançado no início de outubro pelo governo e que entra em vigor a partir de
janeiro de 2013. Para se habilitarem, as empresas terão que se comprometer com
uma série de metas, dentre elas a redução de 12,08% no consumo de gasolina e
etanol até 2017. Ao se habilitarem ao programa, as empresas conseguirão crédito
presumido do IPI de até 30 pontos percentuais. Na verdade, as empresas que
assumirem as metas vão escapar do aumento de IPI de 30 pontos percentuais,
definido pelo governo no ano passado para as indústrias que não apresentarem
índices mínimos de conteúdo local na produção.
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