Rio de Janeiro, RJ (da redação
itinerante do Blog MUSIBOL) – A proposta do governo de reduzir as tarifas de
energia não quebra contratos nem descumpre a legislação, disse hoje (14) o
ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em entrevista, o ministro argumentou que o
barateamento das tarifas poderá impactar o lucro das empresas de energia em um
primeiro momento, mas disse que elas serão recompensadas porque terão a
concessão automaticamente renovada por 30 anos.
“Algumas empresas olham apenas o
horizonte imediato, mas ignoram a vantagem de ter assegurada a renovação da
concessão por mais 30 anos sem precisar fazer novos investimentos para manter
os equipamentos funcionando. Existem empresas [do setor elétrico] que duram de
60 a 80 anos apenas com manutenções pontuais nos equipamentos”, declarou o
ministro a jornalistas.
Segundo o ministro, a redução das
tarifas de energia também trará benefícios para o setor público, apesar de
provocar perda de arrecadação de tributos em um primeiro momento. Ontem (14),
em audiência no Congresso Nacional, diversos governadores reclamaram que as
tarifas mais baratas resultariam em menor arrecadação do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O ministro negou ainda que a
redução das tarifas represente quebra de contrato e mudança de regras. Segundo
ele, a medida provisória em tramitação no Congresso se baseia na lei de 1995
que regulamenta os contratos antigos de energia. “Essa lei não garantia a
renovação automática da concessão, enquanto a medida provisória prevê a
renovação por 30 anos para as empresas que concordarem em reduzir a tarifa em troca
de uma indenização”, explicou.
Na avaliação do ministro, a
maioria das empresas aceitou a proposta, e os casos de geradoras que
questionaram a redução das tarifas foram pontuais. “Alguns empresários querem
ter as duas coisas: cobrar a tarifa maior até 2015 ou 2016 e depois ter a
renovação da concessão assegurada por mais 30 anos. Só que isso será
impossível”, declarou.
Pela proposta do governo, o
Tesouro Nacional desembolsará R$ 3,3 bilhões por ano para permitir que as
tarifas para as famílias de baixa renda continuem mais baixas que para o
restante da população. “O Tesouro já colocará R$ 3,3 bilhões por ano e espero
que não tenha de pôr mais recursos. Se houver alguma frustração, vamos ver como
vai caminhar, mas uma ou duas defecções não mudariam o cenário”, concluiu
Mantega.
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