Por: Fernanda Cruz. Fonte e fotos: Agência
Brasil.
Salvador, BA (da redação do Blog
MUSIBOL)
Uma manifestação reuniu na tarde
de hoje (3) cerca de mil gestantes, mães e doulas na Avenida Paulista. A marcha
promovida pelo Movimento de Humanização do Parto pediu a liberação da presença
das doulas (acompanhantes treinadas para oferecer à gestante suporte físico e
psicológico durante o parto) nas maternidades, sem que essas profissionais
precisem ocupar a única vaga de acompanhante, normalmente preenchida pelo pai do
bebê.
O protesto, que teve início às
13h, em frente ao Edifício da Gazeta, percorreu a Avenida Paulista em direção
ao Hospital Santa Joana, onde os manifestantes entregaram uma carta com as
reivindicações e um abaixo-assinado com mais de 5 mil assinaturas.
Segundo o movimento, o Grupo
Santa Joana, responsável pelo Hospital e Maternidade Santa Joana e a
Maternidade Pro Matre Paulista, fez um recadastramento de doulas para a
participação em partos normais, mas exigiu que elas tenham formação de
enfermeira, psicóloga, terapeuta ou fisioterapeuta.
Porém, de acordo com Ana Cristina
Duarte, uma das organizadoras do movimento, para ser doula, a mulher precisa
apenas de um curso de capacitação. “Eles [Grupo Santa Joana] criaram um
cadastro que não é de doulas. É de enfermeiras, psicólogas, terapeutas. As
doulas continuam sendo limitadas na sua atuação”, disse.
Para Ana Cristina, a presença da
doula é importante, pois colabora para a diminuição do número de cesáreas, dos
procedimentos invasivos, além de trazer segurança à futura mãe. “A doula
oferece todo tipo de medida de conforto, através de palavras, de toque,
massagem, encorajamento”, informou.
Thielly Soengas, 28 anos, conta
que teve uma primeira gestação traumática. “Meu médico falava que não tinha
necessidade [da doula], mas na hora do parto eu senti que faltava alguma coisa.
Tive muitas dúvidas, desespero, falta de amparo, acolhimento.”
Passados dois anos, Thielly teve
o segundo filho, hoje com 11 meses, amparada por uma doula. “Esse acolhimento,
esse contato próximo, fez toda a diferença. Não bateu aquele medo.”
Depois da experiência, Thielly
decidiu se tornar uma doula voluntária e ajudar outras mães. Ela participa de
grupos de apoio, que promovem reuniões semanais, em que as gestantes recebem
apoio e esclarecimentos.
Dorothe Kolena, uma das doulas
que atuam há mais tempo no Brasil, concorda com os benefícios trazidos pelo
trabalho dessas profissionais. “A presença delas, o suporte, diminui a chance
de a mulher ter um procedimento invasivo. Diminuem os pedidos de anestesia. É
uma forma muito bacana e não invasiva de se melhorar o quadro obstétrico do
Brasil”, explica Dorothe, que é doula há 13 anos e aplica acupuntura nas
gestantes com as quais trabalha.
Na capital paulista, 300 mulheres
atuam como doulas, sendo que 100 delas fazem o trabalho voluntariamente. De
acordo com Ana Lúcia Keunecke, advogada do movimento, o Santa Joana e o Pro
Matre Paulista são as maternidades com maior índice de cesarianas do município.
O Grupo Santa Joana informou, por
meio de nota, que o recadastramento das doulas faz parte das atualizações do
grupo, que vem revisando constantemente seus procedimentos internos em prol dos
pacientes. As doulas credenciadas poderão participar dos partos normais feitos
na Unidade para Parto Normal. As doulas que não tiverem realizado o cadastro
poderão ter acesso ao local como acompanhante, conforme opção da paciente.
Nesse caso é permitido apenas um acompanhante por gestante.
Em outubro de 2012, a Agência
Brasil publicou o especial Casas de Parto: Centros de Vida, uma série de
matérias para mostrar o atendimento às gestantes que dispensam intervenções
médicas ou cirúrgicas e buscam alternativas para dar à luz de maneira mais
natural.
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