Por: Alana Gandra. Fonte: Agência
Brasil
Serrinha, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Foto: Agência Brasil |
A alta da inflação levou os brasileiros a adotar práticas mais
conscientes na hora de se alimentar, de fazer a lista de compras e de
reaproveitar restos de comida. É o que aponta a pesquisa nacional Consumo
Consciente, elaborada pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro
(Fecomércio-RJ) em parceria com o Instituto Ipsos.
“Do ano passado para cá, mais brasileiros adotaram medidas que são
condizentes com ecologia, com a preservação dos recursos naturais. Isso
significa que essas medidas foram adotadas em função de alguma circunstância,
qual seja, a inflação mais alta”, disse hoje (13) o economista da Fecomércio-RJ
Christian Travassos.
De acordo com a pesquisa, feita com mil pessoas de 70 cidades
brasileiras, o percentual de pessoas preocupadas com a preservação do meio
ambiente no dia a dia subiu de 56%, no ano passado, para 60% este ano.
Analisando a adoção de medidas menos agressivas ao meio ambiente,
verifica-se que elas têm relação com os hábitos diários das famílias. Segundo o
economista, houve avanços significativos de um ano para outro, por exemplo, na
uso de sobra de refeições para fazer novos pratos (de 66% para 72%), em
verificar se a embalagem do produto está danificada, antes de comprar (de 65%
para 70%), e na leitura do rótulo de um produto antes de adquiri-lo (de 51%
para 56%).
“A gente associou a maior frequência desses hábitos a um custo mais alto
de vida. Abastecer a despensa está mais caro no Brasil”, avaliou. Travassos
acrescentou que devido ao aumento dos preços de alimentos e bebidas, o
brasileiro tornou-se mais criterioso ao fazer suas compras. Daí a importância
que passaram a ter atitudes como verificar validade de produtos e fazer listas de compras. “Esses itens ganham
espaço na rotina do brasileiro”.
Em relação ao aspecto social dos entrevistados, a pesquisa identificou
que a classe DE foi a que apresentou mais avanços de 2012 para 2013 em termos
de consumo consciente. “Até porque tem mais margem para avançar e porque é a
que sofreu mais com a alta de alimentos e bebidas no último ano”, ressaltou o
economista. Nesse grupo, o índice de brasileiros que mostraram maior
preocupação com o meio ambiente subiu de 37% para 51%.
Foto: veja.abril.com.br |
“Se antes ela (classe DE) estava mais propensa ao desperdício, a não
atentar tanto para essas práticas no consumo do dia a dia, com a inflação mais
cara ficou mais difícil desperdiçar alimento. Você pensa duas vezes antes de
jogar fora uma salada. O tomate está muito caro, a cebola também. Vamos
aproveitar, vamos fazer um novo prato, vamos checar o armário antes de ir para
o supermercado”, salientou Travassos. A classe AB também avançou em relação ao
consumo consciente, passando de 69% para 71%.
Feita pela Fecomércio-RJ desde 2007, a pesquisa incluiu pela primeira
vez a questão do lixo. Os dados apontam que existe descrença do brasileiro em
geral em relação ao que ocorre com o lixo coletado. Ou seja, 56% dos
entrevistados duvidam que seja feita a separação, após a coleta, do que é lixo
orgânico e lixo reciclável. Enquanto em
2012, 49% dos brasileiros incluíam a prática da separação do lixo para
reciclagem, este ano o percentual caiu para 44%.
Outras práticas negativas ao meio ambiente, como varrer a calçada com
jatos de água ou lavar carro com mangueira, mostraram redução de 27% para 24% e
de 21% para 19%, respectivamente.
Christian Travassos observou, ainda, que a adoção de sacolas retornáveis
ou de pano, em substituição a sacolas plásticas, ganham a cada ano mais adeptos
entre os brasileiros, embora a um ritmo lento. “A gente tem um cenário de
melhoria. Paulatinamente, o brasileiro está usando mais ecobags ou sacolas
ecológicas. Ainda não é maioria”.
O percentual de brasileiros que dizem usar sempre sacolas de pano no
lugar das de plástico subiu de 17% para 18%. No caso dos que usam de vez em
quando, aumentou de 21% para 25%. “E o [percentual] que a gente queria que
caísse, que era o nunca [uso ecobag], caiu de 60% para 56%”. Travassos acredita
que muitos brasileiros utilizam ainda sacolas plásticas de supermercado para
acondicionar o lixo domiciliar, fazendo dessa forma uma economia, ao evitar
comprar sacos próprios para lixo.
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