Fonte:
IBahia.
Fotos: Luciano Matos/iBahia
Serrinha, BA (da redação Itinerante
do Blog MUSIBOL)
Um segundo ato da manifestação já
está agendado para o próximo dia 20 de junho (quinta-feira), às 14h, no Campo
Grande com destino à Arena Fonte Nova
Nesta segunda-feira (17), foi
realizado na capital baiana o Movimento Passe Livre, que levou milhares de
pessoas às ruas, em uma manifestação pacífica. Segundo estimativa da Polícia
Militar, cerca de quatro mil pessoas participaram do ato. A iniciativa em
Salvador, motivado pelas manifestações em São Paulo, foi programada pelo
Facebook e, depois, ganhou às ruas da cidade.
Inicialmente, os manifestantes se
reuniram na praça Newton Rique, que fica em frente ao Shopping Iguatemi. Lá,
houve negociações com a polícia para decidir o trajeto da passeata. Então, no
final da tarde desta segunda-feira, o protesto saiu da praça Newton Rique,
passou pela av. Tancredo Neves, fez o retorno e voltou para a praça onde tudo
começou. De lá, de acordo com testemunhas, alguns dos manifestantes começaram a
tentar entrar pelas portas dianteiras dos ônibus como uma forma de reivindicar
o "Passe Livre", foco do protesto, que é a entrada nos ônibus pela
porta da frente, de maneira gratuita.
Alguns motoristas tentaram
impedir o acesso das pessoas aos coletivos fechando as portas, mas outros não
conseguiram evitar e cederam ao não pagamento das passagens. Além do grupo que
partiu da praça em frente ao shopping, outro grupo surgiu da Paralela em
direção sentido Centro, unindo-se à manifestação.
Mídias Sociais: a grande dor de
cabeça das autoridades em todo o mundo
Segundo a Superintendência de
Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador), cerca de oito mil pessoas
participaram do ato. Em nota enviada à noite, a assessoria de comunicação do
órgão negou a informação e informou que a Transalvador não faz esse tipo de
previsão. De acordo com a assessoria, o número estimado pelo superintendente da
Transalvador, Fabrizzio Muller, e declarado a um órgão de imprensa foi de cerca
de três mil manifestantes.
Durante a manifestação, houve
movimentação dos participantes: muitas pessoas se juntavam ao grupo e outros
deixaram o protesto sem ele ter terminado. Os manifestantes caminharam com
tranquilidade, sob gritos de 'O Gigante Acordou', segurando faixas e cartazes
que defendem o Movimento Passe Livre e outras questões sociais.
De acordo com informações
apuradas pelo iBahia, o governador Jaques Wagner acompanhou a manifestação em
tempo real, através de informações de seu assessor. "Sobre o movimento
Passe Livre, é importante entendermos que o direito de manifestação deve
conviver com o direito de ir e vir. Orientei nossas polícias a dialogar e
negociar, buscando a segurança daqueles que estão na manifestação e de toda a
população", postou o governador, em seu Twitter.
Segundo informações do
Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Militar, no acompanhamento
da manifestação na tarde desta segunda-feira foram empregados 40 policiais
militares, que contaram com o apoio de 3 viaturas quatro rodas e 24
motocicletas.
Um segundo ato da manifestação já
está agendado para o próximo dia 20 de junho (quinta-feira), às 14h, no Campo
Grande com destino à Arena Fonte Nova.
Nesta segunda-feira, também houve
manifestação em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília,
Belém, Fortaleza, Maceió e Vitória. Em São Paulo, são cerca de 30 mil pessoas.
No Rio, especialistas da Coppe/ UFRJ estimam participação de 100 mil pessoas.
Os manifestantes em todas essas capitais reivindicam, principalmente, melhorias
no transporte público, na mobilidade urbana e também na acessibilidade, além de
protestar contra os altos gastos do governo para construção de estádios para
Copa das Confederações 2013 e Copa 2014.
Depoimentos
"O destino inicialmente era
a Fonte Nova, mas em votação decidiram dar a volta na Tancredo Neves e depois
fazer passe livre na Transbordo. Depois da Transbordo, voltamos ao Iguatemi e
fizemos o passe livre lá. O movimento foi pacífico e o tempo todo convocou os
passantes a entrarem na luta. Muitas pessoas balançavam panos brancos das
janelas, em sinal de apoio ao movimento. Na Transbordo, o melhor momento foi
quando uma senhora de mais idade disse que não podia nos acompanhar, porque
usava bengala, mas apoiava a manifestação. No geral, foi muito bom, porque teve
visibilidade e um propósito. Apesar da maioria ser estudante, pessoal mais
novo, não teve oba-oba", relatou ao iBahia o jornalista Tiago Bittencourt.
"O protesto foi muito
tranquilo, tanto da parte dos manifestantes quanto da polícia, que só
acompanhou a gente sem nenhum problema. Entre os manifestantes, o clima era de
não-violência e não-vandalismo [...] [Teve] muita gente bradando que o "o
gigante acordou" "vem pra rua" e "não é carnaval, é Salvador
caindo da real", muita gente exigindo metrô, ciclovias, impedimento da
PEC37, e criticando os gastos da copa. Também foi marcante o apoio das pessoas
dos prédios e até do trânsito [...] Enfim, foi muito pacífico, esperançoso, deu
para sentir um senso coletivo de que muita coisa tem que ser mudada em Salvador
e no país", contou ao iBahia a coordenadora de mídias sociais Clara
Corrêa.
Já o produtor cultural Camilo
Fróes relatou que muitos jovens participaram do movimento. "O peso era de
estudantes, jovens universitários e estudantes secundaristas", conta
Fróes, que também afirma que também houve a participação de trabalhadores e
profissionais liberais.
O produtor cultural também
destacou a atuação da Polícia Militar. "O desempenho da polícia foi muito
melhor do que era esperado pela maioria das pessoas. Logo ficou claro que a
polícia estava ali para cumprir o seu papel, organizar o trânsito e colaborar com a organização da
passeata", afirma Fróes. Inclusive, de acordo com ele, em alguns momentos
a manifestação parou para aplaudir a polícia.
Ainda segundo Fróes, quando a
passeata voltou para a praça, várias pessoas se dispersaram. De acordo com ele,
o sentido da manifestação é bastante difuso: além do Passe Livre, havia
centenas de cartazes com as reivindicações mais diversas. Ele, por exemplo,
segurava um cartaz com a frase "A Copa do Mundo não é prioridade".
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