Por: Thais Leitão. Fonte: Agencia
Brasil. Foto: imirante.globo.com / moisesarruda.blogspot.com.br
A jornalista Ana Carolina Braz,
de 31 anos, recusa-se a comprar artigos que não considere de responsabilidade
dos pais, como pratos e copos descartáveis. Outro item que considera “abusivo”
são as resmas de papel, presentes na maioria das listas escolares. Neste caso,
ela diz que manda aos poucos, em pequenas quantidades.
Interlagos, BA (da redação do
Blog MUSIBOL)
Todo início de ano a história se
repete: pais e mães de crianças em idade escolar iniciam a corrida às
papelarias e lojas especializadas para comprar os itens que fazem parte da
lista preparada pelas instituições de ensino. As dúvidas e os questionamentos
sobre a necessidade e o volume de determinados itens solicitados também são
frequentes entre os pais, mesmo aqueles que se consideram experientes no
assunto.
A professora Polyanna Leite, de
30 anos, tem duas filhas em idade escolar. Com o olho clínico de quem trabalha
com educação e “muita disposição” para conferir cada um dos itens pedidos, ela
diz que, neste ano, pediu a ajuda do Instituto de Defesa do Consumidor do
Distrito Federal (Procon-DF) para saber o que fazer no caso de artigos que considerou
exagerados.
“Eles pediram uma cola de 500
gramas e mais uma de 90 gramas, que ficarão na escola e não no estojo das
minhas filhas. Além disso, pediram pincel atômico e pincel para quadro branco,
que são para uso das professoras, e não dos alunos. Fui ao Procon e me informei
sobre como proceder e me indicaram comprar só o que achar pertinente e, em caso
de problemas na entrega, acioná-los com uma reclamação formal”, disse Polyanna.
A pedagoga Caren Castelar, de 35
anos, também se assustou quando viu que eram pedidos dez livros literários na
lista escolar de sua filha, Luanna, à época com 5 anos.
“Achei aquilo extremamente
exagerado. Ela ainda estava sendo alfabetizada, claro que não leria os dez
livros ao longo do ano”, lembrou. Segundo a pedagoga, os livros não foram
devolvidos no fim do ano letivo e, provavelmente, serviram para reforçar a
biblioteca da escola, em Brasília.
Ela disse que, após muita pressão
dos pais, que constantemente reclamam com a direção da escola, a instituição
vem “enxugando” a lista. “Este ano, ela já tem 7 anos e foram pedidos seis
livros de leitura, já diminuiu um pouco. Acho que os pais estão mais
conscientes de seus direitos e dos exageros das listas e pressionam as escolas,
o que acaba dando resultados”, ressaltou Caren, que chegou a enviar um e-mail
para parentes pedindo doações a quem já tinha em casa os títulos pedidos pela
escola.
“Pratos e copos descartáveis e
balões [de encher] nunca mando. Outra coisa com que não concordo é pedirem uma
resma de papel para cada criança. Minha experiência, até aqui, mostrou que não
há o correto uso desse material especificamente. Então, mando em pequenas
quantidades, ao longo do ano”, contou ela, que é mãe de Rafael, de 3 anos,
aluno da pré-escola em uma instituição da capital federal.
Insatisfeita com a longa lista de
material da escola de suas filhas, também no Distrito Federal, a professora
Cisele de Paiva, de 37 anos, pretende conversar com a direção antes de concluir
as compras. Segundo ela, é comum, ao fim do ano letivo, constatar que alguns
itens pedidos acabaram não sendo usados. “No ano passado, quando peguei os
cadernos e livros das minhas filhas, percebi que algumas coisas elas não
usaram. O bolso sente, a gente sofre.”
Recém-chegada a Brasília, a
bancária carioca Cláudia Macedo, de 40 anos, ficou espantada com a quantidade
de itens classificados na lista como de uso coletivo. São 27 ao todo, enquanto
os de uso individual somam 19.
“Não entendi porque eles pedem um
caixa de canetinhas de 12 cores por criança para uso coletivo, além da caixa de
12 cores do mesmo item para uso individual. Será mesmo que a turma, além da
caixa que cada criança terá no estojo, vai precisar de mais 20 conjuntos?
Parece exagerado”, disse ela, que é mãe de Tiago, de 8 anos, que este ano vai
cursar o 2º ano do ensino fundamental em uma escola de Brasília.
A presidenta do Sindicato dos
Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF), Fátima Mello,
destaca que a lista elaborada pelas escolas é reflexo do projeto pedagógico
específico de cada instituição, que deve estar de acordo com a formação de valores,
intelectual e cognitiva, que se pretende dar aos filhos. Em caso de dúvida
sobre a necessidade dos itens, ela orienta os pais a entrarem em contato com a
direção das instituições.
“Os pais não podem se recusar a
comprar os itens da lista porque assinam um contrato de prestação de serviço
que prevê a entrega dos artigos à instituição de ensino. Mas, se não estiverem
de acordo ou tiverem dúvidas, devem buscar sempre o diálogo com a escola”,
enfatizou.
A presidenta do Sinepe-DF
ressalta, no entanto, que as escolas não podem pedir material de higiene, de
limpeza e de expediente da instituição, o que é proibido pela legislação. No
caso de produtos de uso coletivo, Fátima explicou que, geralmente, eles são
usados em projetos específicos, como feiras de ciências e atividades especiais
para datas comemorativas.
Segundo o Sinepe-DF, há no
Distrito Federal 450 escolas particulares.
0 comentários:
Postar um comentário