Por: Mariana Tokarnia. Fonte:
Agência Brasil.
Fotos: emparana.com.br / cidade.blogger.com.br
Serrinha, BA (da redação Itinerante
do Blog MUSIBOL)
O cineasta Claudio Assis: "A
produção audiovisual brasileira não pode ficar só nos festivais" (foto:
Reprodução)
Produzir um filme hoje no Brasil
é difícil, fazer com que ele chegue às salas de cinema, à programação das TVs,
é quase impossível até mesmo para os melhores filme do Brasil, o diretor de
cinema Cláudio Assis fala com propriedade. Seus longa-metragens: Amarelo Manga
(2002), Baixio das Bestas (2006) e Febre do Rato (2011) foram todos premiados
nos principais festivais de cinema do país e todos receberam o título de melhor
filme por um ou mais júris. Em debate na 8ª Bienal de Arte e Cultura da União
Nacional dos Estudantes, Assis compartilha as dificuldade em ser cineasta e
discute o cenário com especialistas e estudantes.
“Trabalhamos, lutamos, fizemos o
melhor filme [Febre do Rato], mas ele não está nas salas do país. Circulou
inclusive pela Europa, mas chegou a poucos cinemas brasileiros. A produção
audiovisual brasileira não pode ficar só nos festivais. Temos que ocupar as
salas, temos que melhorar a distribuição”, diz Cláudio.
Os valores são destinados à
produção audiovisual. A dificuldade maior está na hora de exibir as obras. São
hoje 2,5 mil salas em todo o país, o que
equivale a uma sala para cada 79 mil habitantes, de acordo com a Ancine. Rangel
é otimista. “Em 2002, tínhamos uma sala para cada 95 mil habitantes. Uma
pequena mudança, mas não podemos deixar de reconhecê-la”.
Além de não chegar aos
espectadores, os filmes não seriam acessíveis. O cineasta amazonense Júnior
Rodrigues faz parte do projeto Uayná Lágrimas, que viaja o país exibindo filmes
com audiodescrição (para surdos) e videodescrição (para cegos e pessoas de
baixa visão). “Hoje não existem nem
dados de quantos filmes acessíveis são produzidos, nem de quantos são exibidos.
Viajamos a capitais e encontramos pessoas com deficiência que nunca tiveram
acesso ao cinema”.
Cabe à Ancine a fiscalização de
empresas produtoras, programadoras, distribuidoras e exibidoras, bem como
aquelas que comercializam produtos e conteúdos audiovisuais. Rangel reconheceu
que há falhas. “Existem brasileiros que nunca entraram numa sala de cinema”.
A 8ª Bienal de Arte e Cultura da
UNE é considerada o maior evento estudantil da América Latina. As atividades
vão até o próximo sábado (26) e incluem mostras de teatro, música e cinema,
seminários de esportes, além de apresentações de trabalhos acadêmicos e de
extensão. O tema desta edição é A Volta da Asa Branca, uma Homenagem ao
Sanfoneiro Luiz Gonzaga, cujo centenário foi comemorado em 2012. As atividades
são gratuitas e abertas à comunidade. A programação completa pode ser
consultada no site da bienal.
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