Por: Mariana Branco. Fonte: Agência
Brasil.
No Distrito Federal, a integração
por enquanto conecta somente duas cidades – Taguatinga e Ceilândia – às
avenidas W3 Sul e Norte, Rodoviária do Plano Piloto, Guará, Núcleo Bandeirante,
Setor de Oficinas Sul e Octogonal. O passageiro tem duas horas para mudar de
ônibus sem pagar um novo bilhete e terá o custo máximo de R$ 3. As linhas estão
disponíveis das 8h às 17h de segunda a sexta, das 8h à meia-noite aos sábados e
das 6h à meia-noite aos domingos e feriados.
Fotos: panoramabrasil.com.br / gazetadopovo.com.br
Serrinha, BA (da redação Itinerante
do Blog MUSIBOL)
Iniciada em caráter piloto na
última semana no Distrito Federal, a integração do transporte público é vista
por especialistas como a solução mais racional para usuários e operadores do
serviço. Mas o modelo, adotado nas
principais capitais do mundo, está longe de ser generalizado e imune a falhas
no Brasil.
Embora Curitiba, São Paulo, Rio
de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador tenham adotado o sistema, a articulação é
condicionada a um limite de tempo ou viagens e nem sempre o desconto para o
passageiro é integral (veja quadro). Atualmente a rede integrada de Curitiba,
que não tem esse tipo de restrição, é considerada a mais completa e barata do
país.
O sistema integrado de Curitiba
começou a ser implantado de forma pioneira nos anos 1980. Na capital
paranaense, por uma tarifa de R$ 2,60 nos dias de semana e R$ 1 aos domingos, o
cidadão toma quantos ônibus precisar na cidade e em 13 municípios da região
metropolitana. A cidade é famosa ainda pelos ônibus biarticulados que
transportam um número maior de passageiros e pelos terminais de integração
física espalhados pelas ruas.
Na avaliação de Roberto Gregório
da Silva Júnior, presidente da Urbanização de Curitiba S.A (Urbs), empresa
responsável pela administração do serviço, o planejamento foi importante para o
sucesso do modelo. Ele destaca que a rede foi planejada como um sistema radial:
nos anos 1970 foram construídas canaletas exclusivas para ônibus, obedecendo a
essa proposta. “A criação dos eixos foi inserida no plano viário da cidade. Foi
se consolidando um transporte mais rápido a um custo extremamente competitivo.
Um sistema muito perto do ideal”, diz.
O modelo é mais amplo que o de
São Paulo, onde o usuário pode fazer quatro viagens em um período de até três
horas ao preço máximo de R$ 4,65. E supera também o do Rio de Janeiro, onde o
bilhete único vale por duas horas e meia
para apenas um transbordo, custando até R$ 3,95 dentro do município e até R$
4,95 em trajetos intermunicipais.
Segundo Lúcio Lima, diretor
técnico do Transporte Urbano do DF (DFTrans), a ideia é que haja um período de
adaptação antes de expandir o benefício, que inicialmente abrangerá cerca de 40
mil pessoas. Ele diz ainda que para tornar o modelo global é necessário licitar
mais três lotes de ônibus novos, o que deve acontecer até agosto. “Até lá, o
transporte estará totalmente integrado em todos os modais. Hoje metrô e
micro-ônibus ainda não fazem parte”, afirma.
De acordo com Joaquim José
Guilherme de Aragão, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental
da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em política de transporte, a
integração é positiva porque, além de beneficiar o usuário, “enxuga” a frota.
“No Distrito Federal, por exemplo, onde hoje há 900 linhas, dá para ter 200.
Brasília tem uma rede viária coesa”, explica.
Ele acrescenta que a capital
federal está atrasada na adoção do sistema, principalmente porque viveu anos de
insegurança jurídica na concessão das rotas de transporte público. “Os
contratos já estavam vencidos. Finalmente estão acontecendo as licitações”.
Artur Morais, pesquisador da UnB
e especialista em políticas públicas de transportes, destaca que integrar gera
custos para o operador e por isso é preciso realizar pesquisas antes de
implantar o sistema. “É preciso compensar. Em vez de fazer viagens muito
longas, a empresa pode fazer viagens menores com maior quantidade de
passageiros. Com isso, é possível reduzir as viagens deficitárias”, disse.
Confira como funciona a
integração em algumas capitais brasileiras:
São Paulo
O bilhete único permite ao
usuário fazer quatro viagens de ônibus e metrô em até duas horas ao custo
máximo de R$ 4,65.
Rio de Janeiro
O bilhete único no sistema de
ônibus permite um transbordo em até duas horas por R$ 2,75. Para metrô e
ônibus, o custo sobe a R$ 3,95. Para trajetos intermunicipais, o preço é R$
4,95 e engloba ônibus, barcas, trens, metrô e vans.
Belo Horizonte
Todo usuário que utiliza duas
linhas ou uma linha de ônibus e o metrô dentro de um intervalo de uma hora e
meia tem desconto de 50% na tarifa da segunda linha, de segunda a sexta-feira.
Nos domingos e feriados, a segunda opção é gratuita e os usuários têm desconto
na terceira viagem.
Curitiba
Por uma tarifa de R$ 2,60 nos
dias de semana e R$ 1 aos domingos, o cidadão toma quantos ônibus precisar na
cidade e em 13 municípios de sua região metropolitana.
Salvador
Uma única vez ao dia e dentro de
um período de duas horas, o passageiro pode fazer uma integração pagando 50% da
tarifa no próximo ônibus. Para que a integração ocorra, é condição obrigatória
que o segundo ônibus seja de uma região diferente do primeiro. Para isso, a
cidade de Salvador foi dividida em quatro grandes regiões.
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