Por: Débora Zampier. Fonte: Agência
Brasil
Fotos: odiario.net / jfabioripardo.blogspot.com
O papel do Ministério Público
(MP) nas investigações criminais está dividindo o sistema de Justiça do país.
Puxada pela tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, a
discussão já não se limita aos aspectos técnicos e esbarra em questões
políticas e corporativas. Em uma série de cinco matérias, a Agência Brasil
mostra os principais argumentos favoráveis e contrários ao projeto.
A PEC 37 foi apresentada em junho
de 2011 pelo deputado federal e delegado de polícia Lourival Mendes (PTdoB-MA).
O texto altera trecho da Constituição, indicando que a apuração das infrações
penais é função privativa das polícias Civil e Federal. Na prática, a medida
impedirá o Ministério Público de assumir investigação de crimes, prática usual
desde que teve seus poderes ampliados na Constituição de 1988.
Dados do Ministério Público
Federal indicam que, desde 2010, o órgão atuou 14,7 mil vezes por meio de
procedimentos próprios na área penal e 77,9 mil vezes motivado por inquéritos
policiais, termos circunstanciados e outros procedimentos judicializados. Não
há dados consolidados sobre a atuação nos estados.
A PEC 37 já foi aprovada na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e em comissão especial da Câmara dos
Deputados no final do ano passado. Segundo o presidente da Casa, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), o texto será colocado em votação no plenário até
junho. Ele sinalizou que só vai encaminhar o assunto se houver acordo entre as
partes interessadas.
Nas comissões, prevaleceu a ideia
de que a investigação criminal é privativa das polícias. O relator da comissão
especial, deputado Fábio Trad (PMDB-MS), chegou a propor um texto mais amplo,
regulamentando as situações em que o MP poderia agir de forma subsidiária, mas
o parecer foi rejeitado.
Para o deputado, há boas chances
de a discussão voltar no plenário. "Depois da declaração do presidente
Henrique Alves, de que pautará quando houver acordo entre as instituições,
minha proposta está ganhando apoio dos moderados, tanto do Ministério Público
quanto das polícias", avalia Trad.
Segundo ele, além de permitir
maior consenso político, a proposta está de acordo com votos já proferidos no
Supremo Tribunal Federal (STF). A maioria dos ministros vem defendendo o papel
complementar do Ministério Público nas investigações, segundo regras
específicas.
Enquanto isso, grupos de
parlamentares já se mobilizam para alterar ou barrar a PEC. “A quem pode
interessar proibir o Ministério Público de investigar a prática de crimes?
Certamente à sociedade brasileira é que não interessa”, analisa o deputado
Alessandro Molon (PT-RJ). “Retirar investigação do Ministério Público é atentar
contra a República”, completa o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
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