Por: Wellton Máximo. Fonte: Agência
Brasil
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Atualmente acima da barreira de R$ 2
trilhões, a Dívida Pública Federal (DPF) cresceu em 2013 não apenas por causa
dos juros e da necessidade de financiar os compromissos de curto prazo do
governo. Destinadas a capitalizar bancos oficiais e a bancar a redução da
tarifa de energia, as emissões diretas aumentaram o endividamento federal em R$
31,368 bilhões este ano.
Não fossem as emissões diretas, a
DPF ainda estaria abaixo de R$ 2 trilhões. O endividamento só não cresceu mais
porque, até agosto, o Tesouro Nacional não rolou (renovou) a totalidade da DPF,
emitindo menos títulos do que o volume de vencimentos. Apenas a partir de
setembro, as emissões superaram os resgates e a dívida voltou a subir.
As maiores emissões diretas este ano
foram os R$ 15 bilhões para irrigar o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e R$ 8 bilhões injetados na Caixa Econômica Federal
para viabilizar o Programa Minha Casa Melhor, que financia a compra de móveis e
eletrodomésticos para os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida. Por meio
dessas operações, o Tesouro emite títulos e repassa os papéis às instituições
financeiras, que os revendem no mercado conforme a necessidade de ampliarem o
capital.
Desde 2009, as injeções de títulos
em bancos oficiais têm pressionado o endividamento do governo. Em relação ao
BNDES, o Tesouro emitiu R$ 280 bilhões nos últimos quatro anos. Os aportes, no
entanto, estão diminuindo ano a ano. Nos dez primeiros meses de 2012, as
emissões diretas somavam R$ 61,8 bilhões.
No segundo semestre deste ano, o
Tesouro também passou a emitir títulos para a Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE), fundo que indeniza as concessionárias de energia pela redução
média de 20% nas tarifas de luz, que entrou em vigor no início do ano. Desde
julho, essas operações somaram cerca de R$ 6 bilhões. O governo decidiu lançar
os papéis depois de críticas por usar recebíveis (direito de receber recursos)
da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
As emissões diretas diferem-se das
emissões comuns porque os títulos públicos não são leiloados e têm destinatário
certo. Tradicionalmente, essas emissões são usadas para converter títulos da
reforma agrária e financiar exportações, mas os valores não ultrapassam R$ 1
bilhão por mês, montante considerado baixo para as operações da União.
A intensificação das emissões
diretas nos últimos anos dividem a opinião dos especialistas. Economista-chefe
da consultoria Austin Rating, Alex Agostini disse que as injeções de títulos
nos bancos oficiais têm servido como fonte de preocupação para os investidores
porque elevam a dívida bruta do governo, que subiu de 54% para 59% do Produto
Interno Bruto (PIB) apenas de 2011 para cá.
“A dívida bruta é uma das principais
ameaças para o Brasil perder o grau de investimento [garantia de que não existe
risco de o país dar calote na dívida pública]. O Brasil tem perdido
investimentos externos por causa da trajetória do endividamento”, explica o
consultor.
Professor de economia da
Universidade de Campinas (Unicamp) e especialista em política fiscal, Francisco
Luiz Lopreato defende os estímulos ao BNDES. “Não existe alternativa no Brasil
para incentivar o investimento privado de longo prazo a não ser o BNDES
emprestar para as empresas. Como o banco cumpre um papel importante, cabe ao
Estado garantir as condições para que possa ter atuação realmente ativa no
financiamento das atividades produtivas”, declarou.
Principais emissões diretas em 2013:
Maio: R$ 2 bilhões para o financiamento
do Fundo da Marinha Mercante executados pelo BNDES
Junho: R$ 15 bilhões para o BNDES e
R$ 8 bilhões para a Caixa
Julho: R$ 518 milhões para a CDE
Agosto: R$ 1,45 bilhão para a CDE
Setembro: R$ 2,05 bilhões para a CDE
Outubro: R$ 2,35 bilhões para a CDE
Total: R$ 31,368 bilhões
Fonte: Ministério da Fazenda
Imagens:
bancariosro.com
esapientia.files.wordpress.com
vejanoticias.com.br
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