Por: Thais Araujo. Fonte: Agência Brasil
Fotos: jornalbrasil.com.br / drandre.site.med.br / 4.bp.blogspot.com/
Edição: Jorge Luiz
da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Com o objetivo de melhorar o acesso
de adolescentes e jovens aos serviços de saúde e garantir o diagnóstico precoce
de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como aids, sífilis e hepatite B,
uma unidade móvel percorre diversos bairros de Fortaleza (CE), oferecendo
atendimento multiprofissional gratuito. A iniciativa é a primeira etapa do
projeto Fique Sabendo Jovem, do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza. O
organismo da ONU pretende firmar parcerias com gestores de outros municípios e
levar as ações para várias cidades do país.
De acordo com a oficial de programas
do Unicef, Tati Andrade, que coordena o projeto em Fortaleza, a proposta é
alcançar jovens que, em geral, não procuram os serviços tradicionais por
vergonha ou medo de um possível resultado positivo nos exames de doenças
sexualmente transmissíveis. Ela esclarece que o aumento no número de casos de
contaminação por HIV entre essa parcela da população preocupa autoridades e
profissionais ligados à área.
"Isso é preocupante porque, com
os medicamentos disponíveis atualmente, é possível lidar razoavelmente bem com
os efeitos colaterais da doença e de seu tratamento, mas o tratamento precisa
ser iniciado precocemente. Pelo relato dos próprios jovens, percebemos que o
maior problema nessa questão é o preconceito, notamos que eles viveriam muito
melhor se não houvesse isto", disse ela. Tati Andrade acrescentou que o
cronograma do projeto vai promover ações voltadas a adolescentes que cumprem
medidas socioeducativas e estudantes da rede pública de ensino.
Ainda segundo a oficial de programas
do Unicef, o ônibus do Fique Sabendo Jovem conta com uma sala de
pré-aconselhamento, onde os profissionais orientarão os jovens sobre direitos
sexuais e reprodutivos e uma sala onde serão feitos testes para diagnosticar
possíveis DST. Caso recebam resultado positivo, eles serão levados a uma
terceira sala, de pós-aconselhamento. "Quando isso acontecer, os
profissionais vão acompanhar o jovem, orientá-los sobre os próximos passos,
sobre onde buscar auxílio médico e medicamentos. Eles também terão a
oportunidade de conversar com outros jovens que vivem com HIV e que podem
ajudar nesse processo", disse.
Leandro Costa, 26 anos, recebeu o
diagnóstico positivo para HIV há dois anos e é ativista do projeto em
Fortaleza. Após ter participado das duas ações do Fique Sabendo Jovem, ele diz
ter comprovado, na prática, a eficácia da comunicação feita de jovem para
jovem. "No ônibus tem uma equipe multiprofissional, com enfermeiro,
psicólogo, assistente social, mas muitos dos jovens que recebemos preferem
falar e tirar suas dúvidas conosco, que somos jovens como eles. Conversamos
claramente e de forma objetiva sobre prevenção, importância do uso do
preservativo entre outras coisas. Quase não há resistência, porque falamos a
mesma linguagem", disse.
Dados do Unicef apontam que o número
global de mortes de adolescentes em razão da aids subiu quase 50% entre 2005 e
2012, em forte contraste com a queda de 30% registrada no mesmo período,
considerando a população mundial. Ainda segundo o Fundo, somente em 2012, cerca
de 110 mil pessoas entre 10 e 19 anos com aids morreram em todo o mundo. Em
2005, o número era 71 mil.
De acordo com o organismo da ONU, na
próxima fase, no ano que vem, o projeto será implementado em cidades do Sul. É
também nessa região que o Ministério da Saúde vai testar uma nova estratégia
para prevenir a infecção pelo HIV com o uso de remédio, a partir de 2014. Por
meio de um projeto piloto, as unidades de saúde do Rio Grande do Sul
disponibilizarão antirretrovirais para grupos vulneráveis ao contato com o
vírus. A medida foi anunciada em 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a
Aids. Na mesma data, a pasta também anunciou mudanças no atendimento a pessoas
portadoras do HIV. Para reduzir as possibilidades de transmissão e oferecer
melhor qualidade de vida ao paciente, a partir de agora, assim que a pessoa for
diagnosticada com o vírus, ela receberá o tratamento imediato na rede pública.
A estimativa é incluir mais 100 mil pessoas no tratamento, em 2014, com a
mudança de protocolo.
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