Por: Bruno Bocchini. Fonte: Ibahia / Agência Brasil
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação itinerante do Esporte Comunitário)
Pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(Poli-USP) desenvolveram um novo material com as mesmas qualidades e o mesmo
desempenho do amianto para a fabricação de telhas. O composto reúne quantidade
reduzida de fibras sintéticas – que têm preço elevado no mercado – e foi
baseado na estrutura de materiais naturais como o bambu.
“Faz tempo que a indústria brasileira procura uma telha para
substituir a de amianto. Fibras vegetais foram testadas, mas elas não têm
durabilidade muito boa. As fibras sintéticas foram empregadas, mas com
desempenho inferior às de amianto. Desenvolvemos algo que reduz o emprego de
fibras sintéticas sem alterar o desempenho da telha”, disse o pesquisador
Cleber Marcos Ribeiro Dias, autor do estudo sobre o emprego das fibras.
No Brasil, o amianto é usado principalmente na fabricação de
caixas d'água e telhas. Pesquisadores lembram que o produto é nocivo à saúde.
No entanto, representantes de empresas defendem que é possível produzir o
material de forma segura, garantindo a movimentação da economia e o emprego de
milhares de trabalhadores. O amianto é considerado cancerígeno pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) na mesma classe que o benzeno, formol e tabaco. Mais de
50 países já proibiram a substância.
Pelo menos cinco estados proíbem a extração, comercialização e o
uso do amianto: São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e Mato
Grosso. A pedido das empresas produtoras, o Supremo Tribunal Federal analisa se
a proibição nesses estados é constitucional.
“Nós fizemos testes do novo composto em escala industrial e já
pedimos uma patente com participação de duas empresas, uma de Leme (SP) e outra
de Criciúma, que nos ajudaram na pesquisa. Os testes mostraram viabilidade na
produção industrial”, disse o pesquisador.
O trabalho, feito com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp), foi desenvolvida no projeto Cimento-Celulose,
elaborado pelos professores Holmer Savastano e Vanderley John, da Poli-USP.
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