Por: Mariana Branco. Fonte: Agência
Brasil
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Pressionado pela inflação, por juros
mais altos e pelo endividamento, o consumidor terá comportamento cauteloso no
Natal deste ano, estimam especialistas do varejo e economistas ouvidos pela
Agência Brasil. Para eles, a tendência é os brasileiros recorrerem menos ao
crédito do que em anos anteriores, ou comprar em menor número de parcelas, para
evitar o comprometimento excessivo do orçamento. Apesar do cenário de controle,
a aposta é em um consumo racional, que garantirá crescimento para as vendas.
“Haverá crescimento do consumo, pois
[o Brasil] não está em uma situação de crise, como a Europa, mas será um
crescimento modesto, parcimonioso, prudente, com menos dinamismo que em 2006,
2007 e 2008. A inflação dos alimentos é a mais importante. [A compra dos
alimentos] vai ser uma compra prudente, pois os preços estão aumentando muito”,
destacou Carlos Alberto Ramos, professor do Departamento de Economia da
Universidade de Brasília (UnB).
A inflação oficial, medida pelo
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula alta de 4,95% até
novembro. Já a inflação dos alimentos e bebidas, medida pelo mesmo índice, está
em 7,52% de janeiro até o mês passado.
Isabel Mendes, economista da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), cita pesquisa divulgada pela entidade
em novembro, mostrando que 40% dos consumidores pretendem gastar menos nas
compras deste Natal do que na festa do ano passado. “Ele [o consumidor] está
sendo um pouco mais conservador. A maioria, 52%, também disse que vai usar o
décimo terceiro salário para pagamento de dívidas."
De acordo com Isabel, eles acham que
a alta dos preços afetará as compras de final de ano, as compras do mês e as de
bens de maior valor. "Então, temos endividamento e inflação.”
Para o presidente da Confederação Nacional
dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Jr., o consumo neste Natal
terá como característica principal a sustentabilidade. “[O consumo] será muito
mais sustentável. As pessoas têm demonstrado um cuidado maior com seu orçamento
ao longo de todo o ano. Elas vão usar [crédito] de forma mais ponderada. Vamos
ter entrada maior e menos parcelas”, ressaltou.
No mês passado, a confederação dos
lojistas divulgou projeção de crescimento de 5% das vendas de Natal, que
abrangem do quinto dia útil de dezembro até o dia 24. O percentual supera as
altas registradas nos últimos dois anos: 2,37%, em 2012, e 2,33%, em 2011. O
crescimento modesto nos dois períodos veio após alta na casa dos dois dígitos
em 2010, quando, em época de crédito abundante e juros mais baixos, o varejo
teve alta de 10,89% nas vendas de Natal em relação a 2009.
Se, no Brasil, as perspectivas de um
Natal aquecido recuaram de dois anos para cá, no Distrito Federal (DF), região
com a maior renda per capita do país, o cenário continua semelhante ao de 2010,
pelo menos nas previsões divulgadas pelo varejo local. A Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio-DF) prevê alta de 12,12% nas
vendas este ano em relação a 2012.
Segundo o presidente da entidade,
Adelmir Santana, o quadro diferenciado se justifica pelas características
peculiares dos consumidores de Brasília e região. “Brasília tem poder
aquisitivo elevado e forte presença de servidores públicos na massa de
salários. Não tem risco de desemprego. É uma das cidades mais endividadas do
país, mas isso está relacionado ao índice de confiança no servidor público”,
destacou Santana.
Conforme projeção da Fecomércio-DF,
o preço médio do presente este ano será alto – R$ 134,80, R$ 50,37 a mais do
que o do ano passado.
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