Por: Camila Maciel. Fonte: Agência Brasil
Edição: Jorge Luiz
da Silva
Salvador, BA (da
redação itinerante do Esporte Comunitário)
Uma nova técnica
para a reprodução de abelhas sem ferrão pode facilitar a polinização de
lavouras no país, o que levaria à redução do custo das produções agrícolas e à
melhoria da produtividade em até 40%. Pesquisadores da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de São Paulo (USP) e da
Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) desenvolveram um método pelo
qual as larvas recém-nascidas recebem uma quantidade seis vezes maior de
alimento do que estão acostumadas. Dessa forma, todas as abelhas fêmeas
superalimentadas se tornam rainhas.
Atualmente, uma das
principais limitações para utilizar abelhas sem ferrão na polinização é a
dificuldade em produzir colônias em quantidade suficiente para atender à
demanda dos agricultores. A maioria dessas espécies, como a mandaguari e a
jataí, apresentam baixo número de rainhas. Elas são responsáveis por colocar os
ovos e formar as colônias. “[Com a nova técnica,] a partir de uma única colônia
consigo produzir 2 mil rainhas em um mês. É um número bastante elevado”,
explicou Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e autor do
estudo.
De acordo com
Menezes, para polinizar toda a área plantada de morango no Brasil, por exemplo,
seriam necessárias cerca de 50 mil colmeias da abelha jataí ou mandaguari.
“Atualmente, a gente não tem quem forneça essa grande quantidade”, informou.
Ele explicou ainda que muito produtores precisam contratar trabalhadores para
passar o dedo de flor em flor para transportar o grão de pólen pela falta das
abelhas, o que aumenta custo da produção. Um dos exemplos em que esse trabalho
é necessário é no cultivo do maracujá. “Se não tiver polinização, a produção de
frutos é zero”, destacou.
O processo de
polinização ocorre naturalmente quando animais fazem o transporte do pólen de
uma flor para outra. As plantas fornecem o recurso alimentar, geralmente o
néctar, e as abelhas, que são os principais agentes polinizadores, coletam.
Nesse processo, elas se sujam de pólen e, ao visitar outra flor, transportam
esse grão, levando à reprodução da planta. Para cada tipo de flor, uma espécie
de abelha é adequada ao trabalho. “Além de o custo ser bem menor, a abelha é
muito mais eficiente que o ser humano. Nasceram para fazer isso. Quando você
aluga uma colônia, ela já tem 10 mil indivíduos trabalhando”, explicou. Isso
aumenta a produção em cerca de 20% a 40%, apontou Menezes.
Além do baixo número
de rainhas, o grande volume de área desmatada para plantação e o uso intensivo
de pesticidas explicam a insuficiência de abelhas. Nesse sentido, os primeiros
projetos em campo da pesquisa, a serem iniciados no próximo ano, serão feitos
na região sul do estado de Minas Gerais. “É onde o controle biológico já é
bastante difundido”, disse Menezes. Ele ressaltou que o estudo está sendo feito
em parceria com uma empresa produtora de agentes biológicos para que seja
disponibilizado um pacote de serviços mais adequado à polinização. “Não adianta
nada o agricultor alugar colmeia e bater bastante inseticida, porque vai matar
abelhas”, justificou.
Hoje, o serviço de
aluguel de colmeias para a polinização de lavouras só está disponível em
espécies com ferrão. De acordo com o pesquisador, o custo médio é R$ 60 pelo
período de dois meses. “Na época da plantação, o agricultor vai alugar o
serviço e a gente estaciona as abelhas no período da floração. No café, por
exemplo, dura em torno de 15 dias”, explicou. No caso das abelhas sem ferrão,
como é um mercado novo, não há estimativa de preço, mas Menezes avalia que o
custo deve ser similar ao que é praticado atualmente.
Os pesquisadores
estão, agora, iniciando a fase de coleta de colônias para produção em larga
escala. A partir do próximo ano, as
colônias serão levadas para a plantação, a fim de testar o funcionamento delas
e, em 2015, espera-se que o serviço esteja disponível.
Fotos:
redefonte.com
popmundi.com.br
Agência Brasil
0 comentários:
Postar um comentário