Por: Ana Cristina Campos. Fonte: Ibahia / Agência Brasil
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação itinerante do Esporte Comunitário)
Foto: ogirassol.com.br
No ano de 2013, foram divulgados os três volumes do primeiro
relatório de avaliação nacional sobre mudanças climáticas do Painel Brasileiro
de Mudanças Climáticas (PBMC).
No início de setembro, o organismo científico, criado pelo
governo federal em 2009 por meio dos ministérios da Ciência, Tecnologia e
Inovação e do Meio Ambiente, revelou que as projeções mostram que haverá alta
nas temperaturas do país no decorrer do século, mais períodos de seca no Norte
e Nordeste e aumento das chuvas no Sul e Sudeste.
As mudanças no volume de chuva podem oscilar entre 5% e 20% e de
1 grau Celsius (°C) a 5°C na temperatura até o final do século, dependendo do
aquecimento global e da emissão de gases de efeito estufa. As projeções indicam
mais secas prolongadas, principalmente nos biomas da Amazônia, do Cerrado e da
Caatinga. Ao divulgar as estimativas sobre o perfil das emissões de gás
carbônico entre 2005 e 2010, o PBMC informou que a produção de energia foi a
responsável por 32% das emissões em 2010 contra 16% do total de emissões em
2005 e foi o setor que mais cresceu no total das emissões de gás carbônico no país.
Foto: superinformado.com.br |
Para a rede WWF-Brasil, as informações científicas do PBMC são
mais do que suficientes para demonstrar ao governo brasileiro que as mudanças
climáticas não podem mais ser tratadas como tema de segunda importância em
políticas públicas. “Temos de investir nos recursos abundantes de fontes
renováveis de energia de baixo impacto que temos à nossa disposição, como as
energias solar, eólica e de biomassa, em vez de colocar 70% dos nossos
investimentos em combustíveis fósseis. O governo federal não deve oferecer
incentivos a combustíveis como o carvão mineral”, disse o coordenador do
Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, Carlos Rittl.
A agricultura deve ser o setor da economia mais afetado pelas
mudanças climáticas ao longo do século 21, de acordo com a segunda parte do
primeiro relatório nacional do PBMC. Segundo o estudo, o prejuízo do
agronegócio com problemas climáticos pode chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020, e R$
14 bilhões em 2070. Até 2030, a produção de soja, por exemplo, pode ter perdas
de até 24%.
O estudo prevê que as mudanças nos regimes de chuva e a elevação
da temperatura média prejudicarão a agricultura, principalmente em áreas secas
como o Nordeste, região em que a distribuição de chuvas pode cair até 50%,
segundo o relatório.
O terceiro volume, divulgado no início de novembro, ressaltou a
necessidade de adoção de ações imediatas para reduzir as emissões de gases de
efeito estufa. “O benefício da ação imediata para mitigar a mudança do clima
supera o custo da inação”, destacou a pesquisa.
“Nesse relatório, mostramos as opções para os tomadores de
decisão para reduzir as emissões, de forma que a gente não gaste tanto em
adaptação [maneiras de amenizar o impacto]. Existe realmente a possibilidade de
redução das emissões, mas depende de decisões muito mais políticas do que
econômicas,” disse a presidente do comitê científico do PBMC, Suzana Kahn
Ribeiro.
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