Por: Aline Leal. Fonte: Agência
Brasil.
Na Bahia, 69 municípios
implantaram uma carreira médica por meio da Fundação Estatal de Saúde na
Família. As progressões ocorrem com base no cumprimento de metas e resultados.
O médico começa trabalhando em cidades com dificuldade de provimento e pouca
infraestrutura. Conforme vai progredindo na carreira, passa a atuar em cidades
com melhor estrutura.
Fotos: meubancodeimagens.com / mantena.mg.gov.br
/ fotosface.com.br
Serrinha, BA (da redação
itinerante do Blog MUSIBOL)
Menos de 20% das vagas para
médicos oferecidas pelo Programa de Valorização do Profissional da Atenção
Básica (Provab) foram preenchidas no primeiro ano de vigência do programa. Das
2 mil vagas abertas para atuação na saúde básica, apenas 366 profissionais
foram contratados, segundo o Ministério da Saúde.
Criado em dezembro de 2011, o
Provab é uma das estratégias do governo para tentar fixar médicos em regiões
com carência desses profissionais, como a Amazônia, o Nordeste e as periferias
das grandes cidades. Para estimular a ida para essas áreas, é oferecida
pontuação adicional de 10% na nota dos exames de residência para os médicos que
tiverem bom desempenho no primeiro ano de atuação no programa. O governo
financia ainda especialização em Saúde da Família e cursos a distância.
De acordo com balanço do
ministério, 950 municípios se inscreveram no programa para seleção dos
profissionais. Para Felipe Proenço, diretor de Programas da Secretaria de
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do ministério, a baixa adesão está
relacionada ao número insuficiente de profissionais no mercado. Segundo o
diretor, uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou
que existiam 13 mil médicos graduados em 2010 no país para 19 mil vagas formais
de trabalho. No entanto, ele considera que o programa teve sucesso neste
primeiro ano, mas que será revisado para ser aprimorado.
“Olhando para várias dificuldades
dos estados, ouvindo pesquisas com gestores, a gente entende que, além de um
problema de má distribuição, existe um quantitativo menor de médicos do que é
necessário para o sistema de saúde,” diz Proenço, destacando que diversas
equipes do Saúde da Família estão desfalcadas, sem médicos.
O diretor disse ainda que o
ministério quer chegar à relação de 2,7 médicos para mil habitantes, a mesma do
Reino Unido. Atualmente, no Brasil, essa relação é 1,9 médico para cada grupo
de mil pessoas.
Este ano, o governo anunciou que
pretende criar novos cursos de medicina e expandir as vagas nas faculdades já
existentes, com o objetivo de ampliar a quantidade de profissionais. Em junho,
o Ministério da Educação anunciou o Plano de Expansão da Educação em Saúde,
voltado para regiões consideradas prioritárias, que prevê em 10% o aumento do
número de vagas de medicina.
A proposta não tem o apoio do
Conselho Federal de Medicina (CFM). O CFM tem argumentado que não faltam
médicos no país e que a proporção atual (1,95 médico por mil habitantes) é
suficiente.
Segundo a entidade, existe uma má
distribuição dos profissionais. O CFM defende a implantação de políticas
públicas para reduzir essa desigualdade, como a criação de uma carreira de
Estado exclusiva para médicos, semelhante à dos magistrados e procuradores do
Ministério Público.
Uma pesquisa do CFM, de 2011,
mostra que enquanto em São Paulo são 4,02 médicos por mil habitantes, o maior
número do país, no Maranhão a taxa é 0,68 médico por mil habitantes, o menor.
Porém, de acordo com o presidente
da fundação, Carlos Aberto Trindade, a iniciativa não conseguiu reduzir o
problema da fixação de médicos em locais que historicamente enfrentam
dificuldade de contratação. Os salários, continuou o presidente, variam entre
R$ 8 mil e R$ 11 mil para 40 horas de trabalho. Além da remuneração, os
profissionais têm direito a cursos a distância de educação permanente e a
possibilidade de cursarem mestrado e doutorado. “Há quase um leilão por médicos
entre os municípios [da Bahia]”, disse Trindade, acrescentando que o número de
profissionais é insuficiente.
Além do Provab, o Ministério da
Saúde desenvolve outros programas para incentivar a atuação dos médicos fora
dos grandes centros urbanos. Um deles é o abatimento das dívidas com o Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies) para quem trabalhar em uma das 2.282 cidades
com carência na atenção básica à saúde.
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