Por: Yara Aquino. Fonte: Agência
Brasil. Fotos: smabc.org.br e nucleodecidadania.org
Em nota, a Contee critica também
a emenda que propõe a retirada do patamar intermediário de 7% do investimento
do PIB em educação a ser alcançado no prazo de cinco anos. “A emenda exclui o
patamar de 7% do investimento do PIB nacional em educação em um prazo de cinco
anos, deixando o percentual de 10% do PIB, ao final do decênio, como único
referencial de ampliação de investimento, o que elimina a possibilidade de
ampliação do investimento de forma mais imediata”, diz o texto.
Serrinha, BA (da redação
itinerante do Blog MUSIBOL)
Após cerca de um ano e meio de
tramitação na Câmara e um mês e meio no Senado, o Plano Nacional de Educação
(PNE) chega ao fim de mais um ano legislativo sem aprovação. No Senado, já
foram apresentadas 80 emendas ao plano, mas, por enquanto, está mantido o ponto
que mais gerou polêmicas na Câmara, a ampliação do percentual de investimento
do Produto Interno Bruto (PIB) em educação para 10% anuais.
O PNE estabelece 20 metas
educacionais que o país deverá atingir no prazo de dez anos. A discussão no
Senado já causa preocupação entre os movimentos sociais ligados à educação
devido a uma emenda, apresentada pelo relator do projeto na Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE), José Pimentel (PT-CE), à meta 20. O relatório de Pimentel diz
que a finalidade da emenda é que a parcela de 10% do PIB compreenda o conceito
de “investimento público total em educação”, sem a referência ou condição
adicional de que seja aplicado apenas no ensino público – definido como
“investimento público direto”.
Entidades como a Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), que divulgou
nota pública com críticas à mudança na proposta, e a Campanha Nacional pelo
Direito à Educação reclamam que, se acatada, a mudança abre caminho para a
aplicação de dinheiro público no setor privado de ensino.
“A ideia do governo é retirar
essa menção à educação pública deixando só educação e podendo dividir a distribuição
desse recurso também com o setor privado. Esse é o recuo mais forte que
identificamos. Não vamos permitir que isso aconteça e vamos tentar fazer com
que alguns senadores se convençam do equívoco”, diz o coordenador da Campanha
Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.
O senador José Pimentel diz que
apresentou a emenda porque a redação, tal como veio da Câmara, impedia a
continuidade do Programa Universidades para Todos (Prouni) que concede bolsas
de estudos a alunos carentes em instituições privadas de educação superior.
“Com a redação que veio da Câmara
teríamos que cancelar o Prouni, um programa que tem mais de 1 milhão de alunos
de famílias pobres em universidades particulares. Como sou defensor do Prouni,
construí uma redação para que ele continue”, disse Pimentel.
Na Câmara, o PNE tramitou por
mais de um ano e meio e recebeu cerca de 2,9 mil emendas. A preocupação do
governo agora é acelerar a passagem do texto no Senado. O ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, tem feito reiteradas declarações pedindo aos senadores
agilidade na aprovação do PNE, que deveria ter sido implementado em 2011.
A expectativa de Daniel Cara, da
Campanha Nacional pelo Direito à Educação, é que a discussão no Senado seja um
pouco mais ágil. “Os senadores acompanharam a tramitação do PNE, os desafios do
plano, as polêmicas. A tendência é que decidam deliberar de forma mais rápida.
Acho que teremos o plano aprovado em um prazo de seis a nove meses”, disse.
O exame do plano pela CAE será
retomado apenas em 2013 e o texto irá passar por mais duas comissões do Senado
e pelo plenário. Depois, deve retornar à Câmara para exame de alterações que
provavelmente serão feitas no texto pelos senadores. O último passo é a sanção
presidencial.
A ampliação do percentual de
investimento do PIB na educação, que ocorreu na Câmara, é uma das maiores
conquistas alcançadas até agora no PNE, na avaliação de organizações da
sociedade civil. O projeto inicial do governo previa passar dos atuais 5,3% do
PIB para 7% no prazo de dez anos. Após intensas negociações, o governo admitiu
elevar o percentual para 8%. Com a mobilização dos movimentos sociais, foi
aprovado o investimento de 10% do PIB, mesmo contrariando a intenção do
governo.
O governo diz que o Congresso
deve indicar a fonte de recurso para cumprir esse percentual e indica como
principal alternativa para financiar a área os royalties do petróleo. Essa
destinação, no entanto, depende de aprovação do Congresso Nacional.
O PNE estabelece 20 metas
educacionais que o país deverá atingir no prazo de dez anos. O plano prevê, por
exemplo, aumento no investimento em educação pública, ampliação das vagas em
creches, erradicação do analfabetismo e a oferta do ensino em tempo integral em
pelo menos 50% das escolas públicas.
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