Por: Mariana Branco e Stenio
Ribeiro. Fonte: Agência Brasil. Fotos: aeb.org.br e logismarket.pt
Para Fábio Faria, vice-presidente
executivo da AEB, as medidas para reduzir o custo de produção anunciadas pelo
governo precisam ser aprofundadas de modo que o Brasil possa fazer face à
concorrência dos produtos importados. "A concorrência faz com que às vezes
valha mais a pena importar do que produzir internamente. O país continua com
custo de produção muito elevado", comenta. Na visão dele, apesar dos
problemas trazidos pela crise, "o ano de 2012 termina com um resultado
melhor do que o esperado em termos de saldo [da balança comercial]".
Serrinha, BA (da redação
itinerante do Blog MUSIBOL)
O ano de 2012 foi difícil para a
balança comercial brasileira. A crise internacional e a desvalorização do
câmbio afetaram as exportações e a estimativa do mercado e da Fundação Getulio
Vargas (FGV) é de que o saldo comercial virará o ano em US$ 18,2 bilhões,
número 38,9% inferior ao superávit de US$ 29,79 bilhões registrado em 2011.
As expectativas para 2013 não são
de recuperação, apesar de medidas governamentais destinadas a aumentar a
competitividade da indústria como a redução das tarifas de energia e a
desoneração da folha de pagamento. A avaliação de economistas e entidades que
representam empresários é que se a economia mundial não reagir, será difícil
incrementar o superávit mesmo que o Brasil cresça. Eles destacam também a
necessidade de tornar os produtos nacionais mais competitivos.
Tanto a economista e pesquisadora
da FGV Lia Valls quanto a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB),
entidade que representa exportadores, estimam superávit comercial de US$ 18
bilhões para o ano de 2012. A AEB também divulgou comunicado fixando em US$
14,6 bilhões a projeção de superávit comercial para o próximo ano, 20% inferior
à de 2012.
Lia Valls acredita em um 2013 com
superávit inferior ao já modesto registrado em 2012. "O mundo não terá melhorado
muito E, supondo que tenha crescimento maior na economia brasileira, haveria
aumento das importações sem um cenário mais favorável para exportações."
A senadora Kátia Abreu,
presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também
ataca o custo de produção brasileiro como entrave à maior competitividade das
exportações. Segundo ela, os entraves ao comércio externo foram estimulados
pela cotação barata do dólar na maior parte do ano e pelo "custo
Brasil" que dificulta um preço atrativo dos produtos nacionais lá fora. A
senadora diz que a queda do saldo comercial do país neste ano, comparada ao ano
anterior, só não será maior porque o agronegócio foi o destaque da economia
brasileira, com crescimento estimado em 12,3% sobre o faturamento obtido em
relação ao mesmo período de 2011.
A tríade crise, dólar e
concorrência dos produtos importados não é a única apontada como responsável
pelas dificuldades da balança em 2012. As relações do Brasil com alguns
mercados específicos também influenciaram o saldo comercial. José Augusto de
Castro, presidente da AEB, destaca que o setor teve “prejuízo adicional com as
incertezas sopradas da Argentina”. Segundo ele, nos últimos dois anos, os
exportadores brasileiros têm tido surpresas com as determinações de política
econômica do país vizinho, com fechamento aduaneiro para alguns produtos sem
qualquer aviso prévio.
A economista Lia Valls destaca
que o comércio com a Argentina teve queda expressiva em 2012, mas as exportações
brasileiras encolheram de forma geral. De janeiro a novembro de 2012, as
exportações para a Argentina recuaram 20%. Levando-se em conta o Mercosul como
um todo o recuo foi 14%. As vendas externas para a Ásia tiveram decréscimo de
2,3% no período, sendo que houve recuo de 5% no volume exportado para a China.
As exportações para a União Europeia, por fim, caíram 6,7%. A única exceção no
cenário adverso foram os Estados Unidos, já que as vendas para esse parceiro
comercial subiram 6,6% até novembro. De acordo com a economista, o motivo foram
as compras norte-americanas de óleos brutos de petróleo e de avião.
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