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sábado, 29 de dezembro de 2012

Saldo comercial do país deve virar o ano abaixo do de 2011, estimam especialistas

Por: Mariana Branco e Stenio Ribeiro. Fonte: Agência Brasil. Fotos: aeb.org.br e logismarket.pt
Serrinha, BA (da redação itinerante do Blog MUSIBOL)


O ano de 2012 foi difícil para a balança comercial brasileira. A crise internacional e a desvalorização do câmbio afetaram as exportações e a estimativa do mercado e da Fundação Getulio Vargas (FGV) é de que o saldo comercial virará o ano em US$ 18,2 bilhões, número 38,9% inferior ao superávit de US$ 29,79 bilhões registrado em 2011.

As expectativas para 2013 não são de recuperação, apesar de medidas governamentais destinadas a aumentar a competitividade da indústria como a redução das tarifas de energia e a desoneração da folha de pagamento. A avaliação de economistas e entidades que representam empresários é que se a economia mundial não reagir, será difícil incrementar o superávit mesmo que o Brasil cresça. Eles destacam também a necessidade de tornar os produtos nacionais mais competitivos.

Tanto a economista e pesquisadora da FGV Lia Valls quanto a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entidade que representa exportadores, estimam superávit comercial de US$ 18 bilhões para o ano de 2012. A AEB também divulgou comunicado fixando em US$ 14,6 bilhões a projeção de superávit comercial para o próximo ano, 20% inferior à de 2012.

Lia Valls acredita em um 2013 com superávit inferior ao já modesto registrado em 2012. "O mundo não terá melhorado muito E, supondo que tenha crescimento maior na economia brasileira, haveria aumento das importações sem um cenário mais favorável para exportações."

 Para Fábio Faria, vice-presidente executivo da AEB, as medidas para reduzir o custo de produção anunciadas pelo governo precisam ser aprofundadas de modo que o Brasil possa fazer face à concorrência dos produtos importados. "A concorrência faz com que às vezes valha mais a pena importar do que produzir internamente. O país continua com custo de produção muito elevado", comenta. Na visão dele, apesar dos problemas trazidos pela crise, "o ano de 2012 termina com um resultado melhor do que o esperado em termos de saldo [da balança comercial]".

A senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também ataca o custo de produção brasileiro como entrave à maior competitividade das exportações. Segundo ela, os entraves ao comércio externo foram estimulados pela cotação barata do dólar na maior parte do ano e pelo "custo Brasil" que dificulta um preço atrativo dos produtos nacionais lá fora. A senadora diz que a queda do saldo comercial do país neste ano, comparada ao ano anterior, só não será maior porque o agronegócio foi o destaque da economia brasileira, com crescimento estimado em 12,3% sobre o faturamento obtido em relação ao mesmo período de 2011.

A tríade crise, dólar e concorrência dos produtos importados não é a única apontada como responsável pelas dificuldades da balança em 2012. As relações do Brasil com alguns mercados específicos também influenciaram o saldo comercial. José Augusto de Castro, presidente da AEB, destaca que o setor teve “prejuízo adicional com as incertezas sopradas da Argentina”. Segundo ele, nos últimos dois anos, os exportadores brasileiros têm tido surpresas com as determinações de política econômica do país vizinho, com fechamento aduaneiro para alguns produtos sem qualquer aviso prévio.

A economista Lia Valls destaca que o comércio com a Argentina teve queda expressiva em 2012, mas as exportações brasileiras encolheram de forma geral. De janeiro a novembro de 2012, as exportações para a Argentina recuaram 20%. Levando-se em conta o Mercosul como um todo o recuo foi 14%. As vendas externas para a Ásia tiveram decréscimo de 2,3% no período, sendo que houve recuo de 5% no volume exportado para a China. As exportações para a União Europeia, por fim, caíram 6,7%. A única exceção no cenário adverso foram os Estados Unidos, já que as vendas para esse parceiro comercial subiram 6,6% até novembro. De acordo com a economista, o motivo foram as compras norte-americanas de óleos brutos de petróleo e de avião.

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