Por: Paulo
Virgilio. Fonte: Agência Brasil
Edição: Jorge
Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Um dos maiores nomes da música
popular brasileira (MPB) de todos os tempos, Noel Rosa (1910-1937) foi o mais
importante compositor da chamada Época de Ouro, na qual, por meio do rádio,
cantores e canções se tornaram, pela primeira vez no país, fenômenos de
comunicação de massa.
Em sua curta vida – morreu de
tuberculose antes de completar 27 anos –, o poeta da Vila compôs 227 músicas,
entre elas algumas obras-primas cantadas e
regravadas por intérpretes das gerações posteriores.
Nesta segunda-feira (2), Dia
Nacional do Samba, Noel Rosa recebe homenagem especial com o lançamento, em
DVD, do filme Noel Rosa, Poeta da Vila e do Povo, uma coprodução da TV Brasil e
da produtora Cinemar.
O evento, às 17h30, na Livraria
Folha Seca, reduto de apreciadores do samba de raiz na Rua do Ouvidor, 75, no
centro do Rio, marca também o sexto aniversário da emissora pública, da Empresa
Brasil de Comunicação (EBC).
O documentário surgiu de uma série
de reportagens, em cinco episódios, que foi ao ar na TV Brasil em 2010,
homenageando o centenário de Noel Rosa.
O roteiro e a direção foram do
jornalista Dácio Malta, que na ocasião estava escrevendo um espetáculo sobre o
centenário do compositor.
“Eu acho que o documentário é
definitivo. Quando fiz, já não tinha nenhum contemporâneo do Noel vivo. Usei
muita coisa de arquivo. Mesmo se alguém fizer, vai ser impossível encontrar
alguma coisa nova de Noel”, disse o diretor.
Resultado de 20 meses de pesquisa, a
produção foi realizada em apenas seis semanas, reunindo mais de 60 horas de
gravações, além de dezenas de arquivos sonoros, fotos, partituras e originais
de Noel. A produção executiva foi de Roberto Faissal e a direção musical ficou
a cargo do cantor e compositor Zé Renato, que em 2001 gravou o álbum Filosofia,
uma dupla homenagem a Noel Rosa e a Chico Buarque, outro grande nome da MPB que
teve no poeta da Vila uma de suas maiores influências.
O narrador do documentário é o
sambista Martinho da Vila, ligado desde o início de sua carreira à escola de
samba do bairro imortalizado por Noel Rosa. No mesmo ano em que o documentário
foi produzido, Martinho gravou um álbum - O Poeta da Cidade - em homenagem ao
centenário de Noel.
O filme está dividido em cinco
blocos, com 26 minutos de duração cada: São eles O Nascimento do Poeta, O
Carnaval e o Humor, As Paixões e as Musas, A Polêmica e os Intérpretes e A
Morte e o Legado. Em cada um, as músicas de Noel aparecem interpretadas tanto por cantores da época do
compositor, como Aracy de Almeida, Marília Batista, Almirante, Silvio Caldas e
o próprio Bando dos Tangarás – do qual fez parte o poeta da Vila – como por
nomes da MPB atual, entre eles Mariana Baltar, Mart'nália, Caetano Veloso, Zeca
Pagodinho e Zé Renato.
Na definição do jornalista João
Máximo, autor, juntamente com Carlos Didier, do livro Noel Rosa: Uma Biografia,
a contribuição de Noel para a música popular pode ser resumida em duas palavras: transformação e integração.
A primeira diz respeito à lírica da canção popular. “Foi Noel quem demonstrou -
com suas letras inspiradas no linguajar do povo, nos episódios do dia a dia,
nos personagens de sua cidade, nos temas de sua época e, ao mesmo tempo, de
todas as épocas, como os maus governos, a falta de dinheiro, a fome, o crime, a
mendicância, a marginalidade, a boêmia – que tudo cabe em uma canção séria'”,
disse o biógrafo.
Já a integração, para João Máximo,
refere-se à convivência de Noel Rosa, jovem culto da classe média, com os
sambistas negros dos morros cariocas. “Noel tornou-se parceiro deles, e como
nenhum outro, integrou-se à estética de cada um, em uma época em que parcerias
inter-raciais praticamente inexistiam”.
Fotos:
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