Por: Camila Maciel. Fonte: Agência Brasil
Fotos: img.r7.com / ocnet.com.br
Edição: Jorge
Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Pesquisadores do
Instituto Butantan, na capital paulista, identificaram substâncias promissoras
em lagartas que podem ser usadas no combate a vírus, bactérias e fungos. Um dos
estudos, coordenado pelo virologista Ronaldo Zucatelli Mendonça, descobriu uma
alta potência antiviral em lagartas da família Megalopygidae. Apesar de a
pesquisa ainda estar em curso, já se comprovou que a substância encontrada
conseguiu neutralizar o vírus Influenza H1N1, além de tornar 2 mil vezes menor
a replicação do picornavírus (parente do vírus da poliomielite) e 750 vezes
menor a do vírus do sarampo.
Zucatelli destaca que esses
resultados surpreenderam os pesquisadores. “Com essa potência sim [foi uma
surpresa]”, declarou. Ele explica que já se imaginava que esses organismos,
mesmo com sistema imunológico pouco desenvolvido, poderiam ser utilizadas no
controle de infecções humanas ou animais. “Os insetos são um dos seres mais
primitivos existentes. Para sobreviverem tanto tempo em ambientes tão hostis,
tiveram que desenvolver substâncias para se defender de agressões externas”,
informou.
Os estudiosos estão interessados em
conhecer os elementos que compõe a hemolinfa, fluido que exerce, nos insetos, a
função similar à do sangue em humanos. Nas lagartas, eles têm a capacidade de
combater vírus, bactérias e fungos. De acordo com os pesquisadores, desvendar
essas substâncias e o mecanismo de ação deles é um passo importante para o
desenvolvimento de novos medicamentos. “Existem poucos trabalhos na literatura
que buscam estas substâncias em insetos. Os principais estudos estão
relacionados ao própolis de abelhas”, acrescentou o virologista.
A pesquisa com a família
Megalopygidae dá sequência a um estudo anterior com a lagarta Lonomia obliqua,
da família Saturniidae. A proteína encontrada nesse caso tornou a replicação do
vírus da herpes 1 milhão de vezes menor e a do vírus da rubéola, dez mil vezes
menor. Os dois trabalhos têm como foco substâncias que apresentem ações
antivirais e apoptóticas, que é um processo importante para controle do câncer.
Neste momento, a equipe estuda a
viabilidade de produção dessas substâncias, encontradas na Lonomia, em maior
escala, além de verificar a estabilidade do produto, a determinação das doses
efetivas e a atividade em seres vivos. As substâncias da família Megalopygidae,
por outro lado, ainda estão sendo caracterizadas.
As lagartas estudadas liberam veneno
capaz de levar à morte. A escolha delas para a pesquisa se deveu ao acúmulo de
centenas de carcaças no instituto após a retirada do veneno para a produção de
soros contra queimaduras. Zucatelli aposta que esses trabalhos abrem uma porta
importante de novas pesquisas, tendo em vista que o Brasil tem uma
megabiodiversidade em insetos. A família Megalopygidae, por exemplo, engloba
mais de 200 espécies, entre elas a Megalopyge lanata e a Megalopyge albicollis.
0 comentários:
Postar um comentário