Por: Pedro Peduzzi. Fonte e fotos: Agencia
Brasil.
A conversa com os fisioterapeutas
ajudou Revanildo a se convencer de que precisa consultar especialistas no
problema. “Na segunda-feira vou ao fisioterapeuta ver qual é o exercício ideal
para ajudar a reeducar minha postura. Do jeito que está, não tem como. E a
tendência é piorar”, concluiu.
Serrinha, BA (da redação do Blog
MUSIBOL)
Usar relaxantes musculares ou
analgésicos para aliviar aquela dorzinha que de vez em quando aparece nas
costas é uma estratégia desaconselhável e pode resultar em dano maior à coluna
vertebral. Para informar as pessoas sobre as principais medidas de prevenção e
os riscos que algumas atividades podem trazer à coluna, diversos
fisioterapeutas, especialistas em tratamentos para a coluna, lançaram hoje (2),
de forma simultânea, em 30 cidades, a Campanha Nacional Alerta para Prevenção
de Dores nas Costas.
Em Brasília, fisioterapeutas
foram ao Parque da Cidade para alertar os frequentadores do local. “Nosso foco
é a prevenção desses problemas e chamar a atenção para a necessidade de um
diagnóstico precoce, além de contribuir para que as pessoas tomem a decisão de
melhorar a postura para proteger a coluna”, disse à Agência Brasil a diretora
do Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral (ITC), Ângela Lepesqueur.
Segundo a fisioterapeuta, as
pessoas precisam ficar atentas a quaisquer dores irradiadas (aquelas que
percorrem um caminho ao longo do corpo, em geral associadas aos nervos
comprometidos), formigamentos e dormência em membros, falta de força, dores
espontâneas que surgem sem motivo aparente, além de contraturas musculares nas
regiões lombar e cervical e dores locais ou decorrentes de posturas mantidas.
“O maior problema é quando a
pessoa resolve o incômodo tomando analgésicos, porque deixa de investigar a
causa e, com isso, o problema fica maior”, ressalta Ângela.
Foi o que aconteceu com o lanterneiro
(funileiro) Revanildo Rodrigues, 38, morador da Estrutural. “Eles me alertaram
que é importante eu estar sempre atento à minha postura e que tenho de reeducar
meu corpo”, disse. O trabalho de Revanildo requer muito esforço físico, e a dor
o acompanha há mais de oito anos.
“Minha região lombar dói a toda
hora, todo dia e a todo minuto, mas nunca fiz nenhum tipo de tratamento. Soube
que ia ter essa campanha aqui no parque e resolvi vir. Eu não associava essas
dores à minha postura. Tomava então relaxantes musculares e achava que estava
pronto para o dia seguinte”, disse o lanterneiro.
O problema de saúde então começou
a se transformar em problema financeiro. “Era comum eu ficar dois ou três dias
sem trabalhar. Como sou autônomo, ganho pelo serviço. As repetições [das crises
de dor] acabaram comprometendo entre 30% e 40% dos meus ganhos mensais”.
Outras pessoas precisam de
tratamento para lidar com problemas congênitos. “Nasci com uma vértebra a mais
do que o normal”, explica a farmacêutica Débora Souza, 46, moradora do bairro
Sudoeste. “Isso resulta em uma compressão da vértebra sobre as outras, o que me
causa dores desde os 30 anos”, acrescentou.
Por causa do problema, Débora
teve de abandonar diversas atividades físicas que tinha como hobby. “Eu gostava
de trekking [caminhada em trilhas], bicicleta, vôlei. Tive de abandonar tudo
por causa da dor. Para piorar, fiquei traumatizada com o ortopedista que me
orientou a fazer musculação e pilates. Como a orientação da academia não era
específica para o meu problema, acabei forçando [de forma inadequada] a minha
coluna. O resultado foi que as dores aumentaram ainda mais”, disse a
farmacêutica.
“Um médico chegou ao cúmulo de
recomendar que eu fosse a um psiquiatra por achar que a origem do problema era
de fundo psicológico”, acrescentou. A solução foi apresentada por um
fisioterapeuta: duas sessões semanais de fisioterapia e pilates leve e
direcionado ao problema. Com o tempo, a musculatura fortaleceu e hoje a
farmacêutica já pode fazer exercícios de maior intensidade.
Depois de descobrir que tinha
três hérnias de disco na coluna lombar e de sentir muita dor, a engenheira
mecânica Juliana Mol, 35, moradora do Sudoeste, ouviu de seu médico a
recomendação de que fizesse hidroterapia. Infelizmente, as dores continuaram. O
médico sugeriu, então, que ela fizesse uma cirurgia.
“O problema é que ele não
garantiu que a cirurgia aliviaria minha dor. Em meio a essa incerteza, optei
por um tratamento conservador. Foram cinco meses de fisioterapia para
introduzir os exercícios ideais. Sentia que a dor ia e voltava, e,
gradativamente, a dor virou desconforto para, depois, desaparecer”, disse a
engenheira, que faz fisioterapia há dois anos.
Professor de educação física,
Andrett adverte: exercícios sem orientação profissional podem resultar em danos
à saúde. Nesse sentido, o acesso a equipamentos públicos de musculação
representa um risco maior aos praticantes. “A gente sabe que muitos não têm
acesso a profissionais para orientar as atividades físicas. O que indicamos
para esses casos é que eles pratiquem a atividade de forma mais moderada e com
maior amplitude [maior número de repetições do exercício, mas com uma carga
mais leve], sempre lembrando que a dor é o limite de qualquer movimento”.
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