Por: Isabela Vieira. Fonte: Agência Brasil
Fotos: sindilimpba.org.br / racismoambiental.net.br
Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Uma das atividades econômicas que mais empregam trabalhadores com baixa
qualificação, o setor de asseio e conservação é composto principalmente por
mulheres e negros, das classes D e E. O perfil profissinal da categoria está
descrito na pesquisa A Força do Setor-RJ, do Sindicato das Empresas de Asseio e
Conservação do Estado do Rio de Janeiro (Seac-RJ). Na avaliação do coordenador
de Mercado de Trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
Gabriel Ulissea, a pesquisa demonstra que entre a população com menos
escolaridade, mulheres e negros estão “sobrerrepresentados".
Ele explica que por motivos históricos e culturais, determinados perfis
são predominantes em setores da economia. “As mulheres têm tradicionalmente
inserção mais pronunciada em certos tipos de ocupação, como trabalho doméstico,
prestação de serviços e serviços de baixa qualificação, embora isso esteja
mudando."
Segundo o economista, o trabalho no setor também atrai mais mulheres
porque tende a ser menos intensivo em horas. “São jornadas que podem não chegar
a oito horas (diárias), ou mais, onde é possível trabalhar em tempo parcial, e
isso facilita a inserção de mulheres”, disse. De acordo com Ulissea, o trabalho
doméstico e o cuidado com os filhos também é uma preocupação delas. Segundo a
pesquisa do Seac, as mulheres são 92% da mão de obra de limpeza e conservação.
Em relação à presença de negros no setor, que chegam a 62% dos
empregados no Rio, o economista disse que há uma dificuldade de apontar a
discriminação como um fator que atrapalha as contratações. No entanto, Ulissea
explicou que, por estarem em maior quantidade entre a população mais pobre, os
negros tendem a ter uma educação de menor qualidade.
“Como negros e mulheres negras, principalmente, estão sobrerrepresentados
entre os mais pobres, é mais provável que tenha tido uma escolaridade de menor
qualidade. Tem também a questão do ambiente familiar, se mora em comunidade, ou
não. Ou seja, há uma série de componentes que se confundem”, disse. Para ele, a
situação confirma “uma clara desigualdade de oportunidades”.
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