Por: Mariana Branco. Fonte: Agência Brasil.
Fotos: brasil247.com/ Ag. Brasil
Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
A recente valorização do dólar em relação ao real tem deixado em estado
de atenção setores da economia que dependem da moeda norte-americana a valores
mais moderados para fazer bons negócios. Importadores de perfumes, cosméticos,
vinhos e alimentos de alto valor agregado e, ainda, o mercado de turismo,
acompanham diariamente as oscilações da moeda, que fechou a R$ 2,24 na
sexta-feira (19). Segundo representantes desses segmentos, até agora, a
política adotada na ponta tem sido segurar preços o máximo possível para não
perder clientes. Mas, se não houver reversão do cenário, há possibilidade de
reajuste nos valores pagos pelos produtos e serviços.
De acordo com presidente da Associação Brasileira dos Exportadores e
Importadores de Alimentos e Bebidas (Abba),
Adilson Carvalhal Júnior, desde o início do processo de dólar em alta as
importadoras estão manejando os preços em ritmos variados e grande parte delas
está segurando os valores. “Mas a gente acha que este mês vai ser atualizado
tudo. A partir de agosto, o consumidor vai estar percebendo mais isso no ponto
de vendas”, aposta o presidente. A estimativa dele é que o setor aplique
reajustes de 5% a 8%. “Varia para cada produto, cada empresa importadora”, diz.
Carvalhal destaca que, antes da valorização do câmbio, 2013 já dava
mostras de que não seria um ano bom para o setor de bebidas e alimentos finos.
“O mercado está um pouco retraído em termos de aquecimento econômico. O
primeiro trimestre foi bom, mas a Páscoa nem tanto. Maio, começo do inverno,
costuma ser um bom mês, mas este ano não foi. O bolso do consumidor está mais
curto. Por isso, muita gente não subiu os preços, por temor da queda de vendas.
Fecharemos o ano com crescimento pequeno, de 5%. Descontando o dólar e a
inflação, será um decréscimo”, destaca.
Em outro setor com forte presença de importados, o de perfumaria e
cosméticos, ainda não se fala em reajuste de preços porque há esperança de um
recuo da valorização da moeda norte-americana. “A gente não pretende mexer
agora nos preços. Ninguém pode prever [o que acontecerá com o câmbio], pois a
gente não tem como controlar a volatilidade. Tem que aguardar neste momento”,
avalia Renato Rabatt, diretor financeiro da Associação dos Distribuidores e
Importadores de Perfumes, Cosméticos e Similares (Adipec) e diretor-geral da
importadora LVMH Perfumes e Cosméticos. Segundo Rabbat, mesmo que o câmbio
force um reajuste, por enquanto são mantidas expectativas otimistas para 2013.
“O dólar em alta traz até algum benefício, porque o brasileiro viaja menos e
consome mais nossos produtos importados vendidos no mercado doméstico”,
comenta. De acordo com ele, está previsto um crescimento de 15% nas vendas com
relação a 2012.
No caso dos empresários do ramo do turismo, os custos para trabalhar
aumentaram e ainda não foram repassados aos consumidores. “As operadoras,
agências de viagem e companhias aéreas têm ajustado os custos internamente e
quase não estão repassando para o viajante. Estão ganhando menos dinheiro.
Muitas congelaram o dólar a R$ 1,99”, ressalta o vice-presidente de Relações
Internacionais da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), Leonel
Rossi Júnior. Segundo ele, isso não deve causar retração do setor e sim um
crescimento mais modesto. “A expectativa era crescer 10% este ano e agora
esperamos aumento de 5% com relação a 2012”.
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