Por: Mariana Tokarnia. Fonte: Agência Brasil.
Na quarta-feira (20), a
comissão mista da MP 601/12 se reúne e as escolas privadas pressionarão para a
inclusão das instituições. "O governo é capaz de estimular o consumo com a
desoneração, por que não fazer o mesmo com a educação? Os valores podem ser
transformados em bolsas de estudo, em aumento de salários ou mesmo na redução
da mensalidade dos alunos", diz a presidenta da Federação Nacional das
Escolas Particulares (Fenep), professora Amábile Pacios. Segundo ela, as
escolas têm cerca de 70% do custo operacional em folha.
Fotos: portalbei.com.br / oexpressoregional.com
/ ac24horas.com
Serrinha, BA (da redação itinerante
do Blog MUSIBOL)
Escolas particulares de ensino
básico pedem a desoneração da folha de pagamentos para aumentar investimentos
em educação. Representantes das instituições negociam com o governo federal um
marco legal que os beneficie diretamente e pedem a inclusão dessas escolas na
emenda que trata da desoneração das instituições superiores de ensino privadas,
que está sendo discutida em comissão mista no Congresso Federal. De acordo com
a Federação Nacional das Escolas
Particulares (Fenep), a desoneração poderia gerar uma redução de 45% do valor
das mensalidades.
A discussão começa com a Medida
Provisória (MP) 582/12 que permite a alguns setores da economia substituírem a
tradicional contribuição previdenciária, equivalente a 20% da folha salarial,
por uma contribuição baseada em alíquotas de 1% a 2% da receita bruta, de 2013
a 2017. Com a aprovação da MP pelo Congresso, uma nova medida visa a ampliar os
beneficiados, a MP 601/12 estende as desonerações a setores da construção civil
e varejista, e, incluída a emenda do deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), a
instituições privadas de ensino superior.
Representantes das instituições
de ensino superior acreditam que a inclusão das escolas de ensino básico pode
"complicar substancialmente". "É preciso separar as duas etapas.
As necessidades são diferentes e devem ser feitos esforços diferentes para o
ensino básico e para o ensino superior", diz a diretora executiva da
Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior (Abraes),
Elizabeth Guedes. A associação representa grandes grupos de educação de capital
aberto, como Estácio, Kroton, Devry Brasil, Anhanguera e Laureate.
Em relação ao ensino superior,
Elizabeth diz que de 65% a cerca de 100% (no caso das instituições
filantrópicas) das receitas das empresas é direcionada para a folha de
pagamentos e que a desoneração representaria um aumento nos investimentos de
até R$ 1 bilhão no ano. Segundo ela, deveria haver uma determinação legal de
que esse investimento fosse feito em melhorias no ensino.
"Mesmo que as instituições
declarem, informalmente, que direcionarão os investimentos para melhorias na
educação, em nenhum momento se debate, dentro do projeto, a destinação. Pela
nossa experiência, isso não vai acontecer, [o investimento] vai ser revertido
em lucros para os donos das instituições, tanto no caso das instituições de
ensino básico quanto de superior", diz a
coordenadora da secretaria de Assuntos Educacionais da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Adércia
Bezerra Hostin.
Também esta semana, a Contee se
reúne para calcular o que se deixaria de arrecadar com as instituições de
ensino básico. Em relação às de educação superior, a confederação informa que
são beneficiadas com uma série de isenções. Com a Lei 12.688/12, com o Programa
de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino
Superior (Proies), as instituições podem renegociar as dívidas tributárias com
o governo federal, convertendo até 90% do débito em bolsas de estudo, reduzindo
o pagamento em espécie a 10% do total devido. As instituições puderam trocar R$
25 bilhões em dívida por cerca de 560 mil bolsas de estudo. As renúncias
fiscais com a adesão ao Programa Universidade para Todos (ProUni) devem chegar
a R$ 1 bilhão, em 2013.
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