Por: Gilberto Costa. Fonte: Agência
Brasil.
Fotos: radioitaperunafm.com / novoeste.com
Salvador, BA (da redação itinerante
do Blog MUSIBOL)
Até o final do século 21, os oito
países falantes de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) terão uma população de
350 milhões de pessoas – 100 milhões a mais que os atuais cerca de 250 milhões
(dos quais mais de 190 milhões são brasileiros).
A conta é de Eugénio Anacoreta
Correia, presidente do Conselho de Administração do Observatório da Língua
Portuguesa, que funciona em Lisboa. Segundo ele, o número crescente de falantes
do idioma é um dos fatores que aumentam o “potencial econômico” da língua.
Em sua opinião, a tendência
demográfica - junto com a ascensão econômica de Angola, Brasil e Moçambique,
bem como fatores culturais (como a música) e a Copa de Mundo de 2014 e os Jogos
Olímpicos Rio 2016 – explicam o “boom do interesse” mundial pelo português, ao
falar do aunento da procura por cursos de português em países não lusófonos.
Correia encerrou hoje (28) o 1º
Congresso Internacional da Língua Portuguesa, organizado pelo observatório e
pela Universidade Lusíada. O adiamento no Brasil da obrigatoriedade da nova
ortografia para 2016 (decidido pela presidenta Dilma Rousseff em dezembro
passado) em nada afeta a expansão do idioma, na avaliação de Correia.
“Eu não dou tragédia nenhuma a
isso”, disse, se expressando de modo peculiar aos portugueses. “Não é drama
nenhum. O acordo não pode ser imposto, tem que ser absorvido pela sociedade e
isso precisa de tempo”, defendeu em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ele, “o que o Brasil fez
foi um adiamento do prazo para terminar o processo, mas não interrompeu o
processo”, salientou. Para Correia, o governo brasileiro postergou a obrigatoriedade
“por razões técnicas”, tais como a necessidade de preparação de livros
didáticos e professores.
“O Brasil é um continente. As
dificuldades regionais, as assimetrias, a preparação de pessoas, a preparação
de manuais em um país que tem a dimensão e a variedade do Brasil são muito
grandes. Entendo perfeitamente que por razões técnicas possa ter havido necessidade
desse adiamento”.
O adiamento da entrada em vigor
do acordo ortográfico no Brasil alimentou os críticos portugueses às regras de
unificação da escrita do idioma. É comum em Portugal escritores e colunistas
publicarem textos em jornais e revistas com a observação de que não seguem as
regras do acordo. “Utilizar isso como argumento antiacordo não é bom para
ninguém”, assinalou Eugénio Anacoreta Correia.
“O português hoje não é de
Portugal, mas 'também' é de Portugal. Nós temos que acrescentar o 'também'. A
grande riqueza que temos na Comunidade de Países da Língua Portuguesa [CPLP] é
exatamente a partilha de uma coisa comum. Para que a língua seja de todos,
todos temos que ceder", finalizou.






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