Por: Clarissa Pacheco. Fonte: Correio 24horas
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante do Blog
MUSIBOL)
Entre os dias 29 e 30 de novembro e 1º de dezembro, o evento chega
com shows gratuitos de Paulinho da Viola, Elza Soares, Roque Ferreira, Riachão
e É o Tchan, entre outros grandes nomes.
Criado no tradicional bairro de
Botafogo, no Rio, Paulinho da Viola, 71 anos, respira samba desde a infância.
E
aprendeu o ofício com gente grande: a casa onde morava com os pais, os avós e a
madrinha, na rua Pinheiro Guimarães, era o palco dos ensaios do lendário
conjunto de choro Época de Ouro, no qual seu pai, César Faria (1919-2007),
tocava violão.
E o garoto conheceu Pixinguinha (1897-1973), Jacob do Bandolim
(1918-1969) e, anos mais tarde, Cartola (1908-1980).
O sambista, que experimentou
fusões para a sofisticada classe média carioca dos anos 50 e 60 e a vibração do
subúrbio do Rio na mesma época, se junta aos bambas da Bahia como uma das
principais atrações do Festival do Samba, que acontecerá em Salvador nos dias
29 e 30 de novembro e 1º de dezembro, de graça.
A previsão é que o Santo Antônio Além do Carmo receba 30 mil
pessoas nos três dias.
A programação ainda conta com nomes como Elza Soares,
Riachão, Edil Pacheco, Roberto Mendes, Roque Ferreira e É o Tchan.
Um dos mestres da MPB, o
compositor carioca Paulinho da Viola se apresenta no dia 1º de dezembro, às
16h, no Santo Antônio Além do Carmo
Calendário
A programação do festival, que
faz parte do calendário de eventos cultuais da cidade, foi anunciada ontem pelo
prefeito de Salvador, ACM Neto, e pelo secretário municipal de Desenvolvimento,
Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani. Além dos nomes já citados, o evento
terá outras 11 atrações, sendo a maior parte delas grupos baianos, que se
apresentarão em dois palcos: Batatinha e Sete Cordas. Haverá ainda uma programação
infantil.
Para a organização do evento, o
objetivo é comemorar o Dia Nacional do
Samba (2 de dezembro), além de fortalecer o gênero musical, que é considerado
Patrimônio Imaterial da Humanidade.
Elza Soares, um dos ícones
femininos da MPB,
fecha a primeira noite do evento, na sexta-feira, dia 29
“O samba comumente é esquecido
pelos poderes políticos, mas é fundamental para o desenvolvimento e construção
da nossa cultura popular. O samba da Bahia é importante no Brasil e no mundo,
uma referência de construção de uma cultura do povo e para o povo. A gente não
poderia deixar de fora o festival destinado especialmente ao samba”, explicou
Bellintani.
Revitalização
De acordo com o prefeito ACM Neto, chegou a ser cogitada a
possibilidade de realizar o festival na Praça Cayru, mas o Santo Antônio acabou
sendo escolhido com o intuito de revitalizar o bairro, um dos principais
cartões-postais de Salvador.
“A chegada do Festival do Samba
não traz apenas três dias de festa, com grandes atrações, mas vai trazer também
a presença da prefeitura”, afirmou. O prefeito prometeu recuperar a praça,
fazer o paisagismo e agilizar com o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a recuperação da
Igreja de Santo Antônio Além do Carmo.
“De um lado, reforça esse
calendário de eventos, que tem um resultado econômico importante e, do outro,
contribui para que a cidade se recupere à medida que esses eventos aconteçam”,
disse.
O veterano mestre Riachão
canta no sábado, dia 30
DNA do Samba Curador e,
portanto, responsável pela concepção artística do Festival do Samba, o maestro
Letieres Leite contou que a ideia era contemplar o samba desde a sua
ancestralidade até o samba urbano. “O samba mais antigo que a gente vai
reconhecer é o samba de candomblé, ligado ao candomblé de Angola, o
samba-chula, de São Braz. Aí vem dos mais antigos até chegar no samba urbano, o
samba contemporâneo da Bahia, através do É o Tchan, e o Paulinho da Viola com o
samba nacional”.
Para ele, o festival traz à
tona ainda a discussão sobre o DNA do samba. Até pouco tempo, ainda se
questionava se a origem do samba havia mesmo sido na Bahia. “Hoje, já não se
tem mais tanta dúvida de que o DNA do samba veio do Recôncavo da Bahia. A ideia
é justamente colocar a Bahia no lugar dela, de ser o protagonista do samba,
apesar de ele ter sido formatado, desenvolvido no Rio”, declarou o curador.
Crescimento
O presidente da União das
Entidades de Samba da Bahia (Unesamba),
José Luis Arerê, participou do lançamento do festival e disse aprovar a ideia.
“Foi uma iniciativa muito boa da prefeitura, da Saltur. É uma festa que
contempla todos os artistas da Bahia, também”, afirmou.
Para Arerê, o evento vem ajudar
a levantar o gênero musical. “O samba estava deixado um pouco de lado, mas
depois da Unesamba, ele realmente tomou um novo rumo, o samba vem crescendo.
Hoje, você vê que nós tínhamos dois, três blocos de samba no Carnaval. Hoje,
nós temos 26”, explicou.
Dia do Samba foi criado para
homenagear Ary Barroso
Se o carioca Vinicius de Moraes
(1913-1980) já cantava, no Samba da Bênção, que “o samba nasceu lá na Bahia”,
nada mais justo do que eleger como o Dia Nacional do Samba a data em que o
mineiro Ary Barroso (1903-1964) pisou os pés nessas terras pela primeira vez.
A data, 2 de dezembro, é fruto
de uma iniciativa do então vereador baiano Luis Monteiro Costa, em 1963. Ele
decidiu homenagear Ary no dia em que ele visitou Salvador pela primeira vez,
mesmo depois de já ter composto o clássico Na Baixa do Sapateiro. O dia foi
sendo festejado na Bahia e ganhou fôlego até virar uma data nacional. As duas
principais cidades a festejar a data são Salvador e Rio. Aqui, a festa costuma
ser comandada por Edil Pacheco, com shows no Pelourinho.
A Caminhada do Samba, que este
ano acontecerá no domingo, 1º, às 15h, saindo do Campo Grande, também faz parte
da programação. Já no Rio, a festa fica por conta do Pagode do Trem - as
pessoas pegam um trem na Central do Brasil e seguem tocando e cantando até o
bairro de Oswaldo Cruz.
Edil Pacheco se apresenta também no sábado, 22h
Festival do Samba é um dos dez
que ocorrerão por ano na capital
O Festival do Samba, que deverá
acontecer sempre no mês de novembro, é parte do calendário de eventos culturais
em Salvador, anunciado em setembro deste ano pela Prefeitura Municipal. O
primeiro evento integrante do projeto Cidade dos Festivais foi o Festival da
Primavera, que aconteceu no bairro do Rio Vermelho nos dias 21 e 22 do mesmo mês, com atrações como Cortejo Afro,
Márcio Mello, BaianaSystem e Luiz Caldas.
Nos dois dias, o evento reuniu
cerca de 10 mil pessoas, de acordo com a Saltur. O projeto é composto por dez festivais. Segundo
o prefeito ACM Neto, os eventos acontecerão sempre nas ruas, gratuitamente e
com ampla participação popular. O próximo evento será o Festival da Cidade, em
março de 2014. Depois, virão o Festival PercPan, em abril; Festival da Cultura
Latina, maio; festivais Boca de Brasa e da Criança, julho; Festival da
Primavera, setembro; e Festival de Música de Salvador, em outubro; além dos
festivais Baía de Todos os Santos, África Brasil e do Samba, em novembro.
Imagens:
3.bp.blogspot.com
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festivaldesambaepetiscos.com.br
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