Por: Soraya Mendanha e Isabela Vilar. Fonte: Agência EBC
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
João Goulart em Nova York, nos Estados Unidos
Foto: Dick DeMarsico, World
Telegram staff photographer
Sob chuva de papel picado e com vivas à
democracia, o Congresso Nacional aprovou, na madrugada de quinta-feira (21), o
Projeto de Resolução 4/2013, que anula a sessão de 1964 na qual foi declarada
vaga a Presidência da República, então ocupada por João Goulart (1919-1976). A
sessão anulada, protagonizada pelo então presidente do Senado, Auro de Moura
Andrade, ocorreu na madrugada de 1° para 2 de abril, quando Jango se encontrava
no Rio Grande do Sul, e abriu caminho para a instalação do regime militar, que
durou até 1985.
Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP), autores do projeto, argumentaram que a declaração de
vacância da Presidência foi inconstitucional, porque a perda do cargo só se
daria em caso de viagem internacional sem autorização do Congresso, e o
presidente João Goulart se encontrava em local conhecido e dentro do país.
Exumação
A anulação da sessão que tirou Jango da
Presidência ocorre no momento em que peritos da Polícia Federal examinam os
restos mortais do ex-presidente, na tentativa de descobrir se ele foi ou não
assassinado. A suspeita surgiu depois de declarações de um ex-agente da
repressão da ditadura uruguaia, segundo o qual Jango teria sido envenenado. A
exumação, feita a pedido da família, ocorreu na última quarta-feira (13) e os
restos mortais chegaram a Brasília na quinta-feira (14), onde foram recebidos
com honras de Estado.
Saiba quem foi João Goulart
Por: Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
João Belchior Marques Goulart nasceu em São
Borja, no Rio Grande do Sul, em uma família de proprietários rurais, ou
"estancieiros", como são conhecidos na região, . Formou-se em Direito
pela Faculdade de Porto Alegre, em 1939, mas não seguiu a carreira.
Em 1945, ingressou no Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB), fundado pelo presidente Getúlio Vargas. No ano seguinte, foi
eleito deputado estadual. Em 1950, foi eleito deputado federal e coordenou a
campanha de Getúlio Vargas à Presidência. No último governo de Vargas ocupou a
pasta de Trabalho, Indústria e Comércio.
Foi eleito duas vezes vice-presidente da
República. Na época, a eleição do vice era independente da de presidente. Na
primeira vez, assumiu como vice de Juscelino Kubitschek e, na segunda, como
vice de Jânio Quadros. Em 1961, Jânio assume o cargo e, menos de oito meses
depois, renuncia. No momento da renúncia, João Goulart encontrava-se em missão
diplomática na China. Por isso, assumiu a presidência como interino o
presidente da Câmara Federal, Ranieri Mazilli. Os militares, numa primeira
tentativa de golpe, pressionaram o Congresso para que considerassem o cargo de
presidente vago e convocassem novas eleições.
O então governador do Rio Grande do Sul, Leonel
Brizola, e o general Machado Lopes lançaram uma campanha pela legalidade,
pedindo a posse de Jango. Sob pressão dos militares, por um lado, e desse
movimento, por outro, o Congresso aprovou uma emenda alterando o regime
presidencialista para o parlamentarismo. Assim, João Goulart assumiu a
Presidência em 7 de setembro de 1961, mas com poderes reduzidos.
Tancredo Neves tornou-se primeiro-ministro. O
parlamentarismo foi derrubado em janeiro de 1962, com um plebiscito nacional em
que 80% dos eleitores optaram pela volta do presidencialismo.
Em sua gestão, Jango lançou o Plano Trienal de
Desenvolvimento, elaborado pela equipe de Celso Furtado. A idéia era promover
uma série de reformas, incluindo a agrária, a educacional e a bancária. Essas
propostas, bem como o diálogo do governo com os movimentos sociais, como
sindicatos e as Ligas Camponesas, acirrou a oposição das elites e dos
militares, que já haviam tentado o golpe em 1961.
Em março de 1964, uma série de acontecimentos
culminou na declaração de vacância
do cargo de Presidente da República, pelo
Congresso Nacional, apesar da presença de Jango no Brasil. João Goulart e sua
família vão para o Uruguai. Doze anos depois, sem nunca ter retornado ao
Brasil, Jango morre na Argentina, no dia seis de dezembro de 1976.
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