Por: Mariana Tokarnia. Fonte: Agência
Brasil
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
A redução de desigualdades no Brasil
e na América Latina não levou a redução da violência. “O diagnóstico correto
seria: menor desigualdade tende a menos violência”, diz o sociólogo e cientista
político Emir Sader. “O maior paradoxo é estarmos em um país que diminuiu a
pobreza, mas tem intensificado a violência”, acrescentou. Esse ponto de vista
será posto para debate na sexta-feira (13), no Fórum Mundial de Direitos
Humanos.
O evento acontecerá em Brasília de
10 a 13 de dezembro. Sader fará parte da mesa Por uma Cultura de Direitos
Humanos, junto com a professora argentina Alicia Cabezudo e a presidenta da
Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania de Cabo Verde, Zelinda
Cohen. O debate será sobre o papel da educação em direitos humanos para o
desenvolvimento e emancipação do cidadão.
O cientista político, um dos
organizadores do Fórum Social Mundial, analisa a América Latina à luz dos
modelos políticos que regem os países. Em uma das últimas colunas publicadas em
seu blog, ele diz que “para o bloco do governo a questão central do Brasil é a
da desigualdade, da pobreza, da miséria” e acrescenta que “mesmo quando a
economia brasileira sofre um processo de estagnação, como acontece atualmente,
o governo não apenas manteve, como estendeu e aprofundou as políticas sociais,
revelando como se revertia a forma tradicional de encarar desenvolvimento
econômico e distribuição de renda”.
À Agência Brasil, ele diz que apesar
da ênfase na questão social, a violência aumenta. Prova disso é o levantamento
feito pelo país em parceria com o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud), divulgado nessa quinta-feira (5). Os dados mostram que
três em cada dez brasileiros que vivem em cidades com mais de 15 mil habitantes
dizem ter sofrido ao longo da vida algum tipo de crime ou ofensa.
Segundo o levantamento, agressões e
ameaças são os mais comuns, com 14,3% dos entrevistados tendo sofrido situações
do tipo nesse período. Em seguida, aparecem relatos de discriminação (10,7%),
furtos de objetos (9,8%) e fraudes (9,2%). “Houve um aumento de interesse por
direitos humanos, mas nos círculos pequenos. No conjunto da sociedade isso não
chega”.
Para o cientista político, a
fraqueza brasileira é a falta de espaço de socialização, principalmente nos setores
mais pobres. “O sistema educacional não desempenha esse papel. A escola não é
espaço de socialização. O jovem acaba socializando na rua”, onde, segundo ele,
tem contato com o consumismo e outros valores que podem levar à prática de
violência.
Perguntado sobre as manifestações de
junho e julho e a reivindicação de direitos sociais, como saúde e educação, ele
diz que, em última instância, as melhorias sociais podem levar à redução da
violência. Sader ressaltou que não tem respostas claras sobre o que leva as
pessoas a cometerem atos violentos ou como as pessoas assumem a ideia de
direito. "É um pouco do que vou levar à debate".
A mesa de debate está agendada para
as 10h. No site do Fórum é possível ter acesso a programação e outras
informações sobre o evento.
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