Por:
Flávia Villela. Fonte: Agência Brasil
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Imagem: casadeculturasm.blogspot.com
As ruas da capital fluminense
viraram picadeiros a céu aberto nesta primeira semana de dezembro, com a 12ª
edição do encontro internacional de palhaços Anjos do Picadeiro. Um dos
idealizadores da mostra João Artigos explica que a conjuntura política atual
foi um dos motivos para que o encontro usasse as ruas como espaços de
construção coletiva e artística.
“Os Anjos do Picadeiro surgiu da
necessidade do encontro, de um espaço de troca. Boa parte da nossa programação
sempre foi ao ar livre, mas neste momento de grandes eventos, de protestos,
quisemos aproveitar para vivenciar a questão da rua, para reafirmá-la como
espaço de trabalho”, disse o artista. “Ao pagar para um artista de rua, você
está exercendo sua cidadania, sem intermediação, é uma forma de financiamento
direto, em que você escolhe o que quer ver”, completou.
João Artigos lamentou que algumas
pessoas menosprezem a arte de rua. “A gente não tem a cultura do chapéu, a
gente não reconhece esse artista por imaginar que ele está na rua por falta de
opção, quando na verdade esta é uma opção estética de sobrevivência”,
argumentou ele, ao mencionar dois artistas de rua europeus que nunca haviam se
apresentado em um palco até participarem do encontro. “Eles se apresentaram
pela primeira vez em um teatro aqui. Os caras tiram [faturam] mil euros em um
domingo”, acrescentou.
O encontro, que começou no domingo
(1º) e vai até sábado (7), reúne centenas de artistas de diferentes países e
inclui oficinas, assessorias técnicas, fóruns entre outras atividades. Amanhã,
os Caçadores de Risos estarão no centro do Rio, fazendo a primeira palhaceata
desta edição, uma espécie de carnaval de rua circense.
“As palhaceatas são ótimas, porque
atravessamos pelo meio da população e a galera participa. É como se fosse um
carnaval antecipado”, contou o ator e diretor Sérgio Machado, que também é
professor de uma das oficinas.
O professor ressaltou que embora o
clima do encontro seja de desconcentração e espontaneidade, é preciso muita
seriedade para formar e difundir as artes do riso e da comicidade. “Apesar de
ser uma palhaçada completa, o trabalho é muito sério. As pessoas acham que
muita coisa está sendo criada ali na hora, mas, na verdade, é técnica, é fazer
com que o público acredite que as ações são improvisadas”, explicou ao
ressaltar que os palhaços dedicam horas de ensaios diários para os números.
O evento é produzido desde 1996 pelo
Grupo Carioca Teatro de Anônimo. Hoje existe uma rede de intercâmbio e o
encontro é um espaço de intercâmbio, reciclagem e qualificação profissional,
segundo Artigo. “Os desdobramentos são muitos. Temos parcerias que geram
oportunidades de trabalho, fóruns de discussões. Este ano será lançada pela
primeira vez uma revista eletrônica com artigos ligados ao tema. Vamos
organizar um acervo de vídeos do Anjo dos picadeiros para poder ser estudado,
enfim, são várias coisas que aconteceram antes e depois do encontro”, contou
ele.
A próxima palhaceata será em
Madureira, zona norte, na sexta-feira (6), e a última em Bangu, zona oeste, no
sábado, dia de encerramento do encontro. Mais informações estão no site
http://www.anjosdopicadeiro.com.br/.
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