Por: Ana Cristina Campos. Fonte: Agência
Brasil
Fotos: ruralcentro.uol.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
O trabalho Pacto com os
Supermercados pela Pecuária Sustentável no Brasil, do Ministério Público
Federal (MPF), ganhou a primeira menção honrosa do Prêmio Innovare na categoria
Ministério Público. Com a iniciativa, grandes redes de supermercado passaram a
oferecer linhas de produtos rastreados desde a origem, permitindo que os
consumidores saibam que a carne não é resultado de desmatamento ou trabalho
escravo.
Concedido pelo Instituto Innovare na
semana passada, o prêmio é um dos mais prestigiados da Justiça brasileira. Ele
destaca, anualmente, as melhores iniciativas nos diversos setores do sistema
Judiciário em prol da modernização da prestação jurisdicional.
O termo de cooperação pela pecuária
sustentável foi firmado no final de março entre o MPF e a Associação Brasileira
de Supermercados (Abras). O objetivo é evitar que os supermercados brasileiros
comprem carne bovina proveniente de áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia ou
onde tenham sido constatadas irregularidades como invasão de terras públicas e
trabalho escravo.
O procurador da República Daniel
César Azeredo Avelino, coordenador do grupo de trabalho Amazônia Legal, disse
que o prêmio é uma oportunidade de dar visibilidade ao projeto, “de mostrar que
é possível para o consumidor participar do controle do desmatamento ilegal na
Região Amazônica”.
De acordo com Avelino, o pacto conta
com a participação das empresas e dos consumidores. “Logo após a assinatura do
acordo, grandes redes de supermercado lançaram linhas específicas de produtos
com a identificação de origem. O consumidor, na prateleira do supermercado,
consegue atestar a origem do produto e ter a comprovação de que o produto não é
fruto nem de desmatamento nem de trabalho escravo”, acrescentou.
Muitas empresas lançaram, inclusive,
selo específico para facilitar a identificação por parte dos clientes. “Fazemos
reuniões periódicas com a Abras e com os supermercados para discutir formas de
melhorar a implementação do acordo. A maioria dos produtores rurais consegue
vislumbrar hoje que o seu produto só vai ter aceitação no mercado se for
acompanhado de um mínimo de regularização ambiental”, disse o procurador.
Pelo termo de cooperação, a Abras se
comprometeu a informar e orientar as empresas do setor supermercadista sobre
práticas que ajudem a coibir o trabalho escravo na cadeia da carne, ampliem a
redução do desmatamento e a recuperação de áreas desmatadas e combatam o abate
clandestino.
Esse pacto é fruto de uma série de
ações propostas pelo MPF, iniciadas no Pará em 2009, que buscava indenizações
por danos ambientais causados pela criação irregular de gado no estado. Segundo
o MPF do Pará, as ações levaram à assinatura de termos de Ajuste de Conduta
(TACs) com cerca de 100 frigoríficos, curtumes e empresas calçadistas, que se comprometeram
a cobrar medidas de sustentabilidade ambiental e social dos seus fornecedores.
“Em 2009, tínhamos vários estudos e
dados públicos reconhecendo que a atividade da pecuária era a que mais causava
desmatamento na Amazônia. Foi isso que gerou a atuação do Ministério Público”,
informou o procurador Avelino.
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