Por: Alana Gandra. Fonte: Agência Brasil
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Levantamento feito entre 2000 e 2010 pelo Departamento de
Estimulação Cardíaca Artificial (Deca), da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Cardiovascular (SBCCV) mostra que o Brasil está atrasado nos procedimentos de
implantes de marcapassos, de ressincronizadores cardíacos e no uso de
desfibriladores em comparação aos países da América Latina e do Caribe. Para a
diretora do Deca, Stela Sampaio, o resultado “não é muito animador”.
O Registro Brasileiro de Marcapassos, Ressincronizadores
Cardíacos e Desfibriladores (RBM) está completando 20 anos. Esta base de dados
nacional disponibiliza informações sobre os procedimentos de estimulação
cardíaca efetuados em todo o país.
A doutora Stela Sampaio disse que no Nordeste houve redução
do número de implantes de marcapassos, sem que houvesse diminuição da
população. “O Brasil é um país que coloca menos marcapassos que o Uruguai, a
Argentina e vários países menores. Comparando com Europa e Estados Unidos, aí é
que os números ficam mais significativos”, ressaltou.
De acordo com o Censo Mundial de Marcapassos e
Desfibriladores, o Brasil implanta 190 marcapassos por 1 milhão de habitantes,
enquanto, no Chile, esse número sobe para 216; na Argentina para 382; no
Uruguai para 578; e em Porto Rico, para 606 marcapassos por 1 milhão de
pessoas.
Nos Estados Unidos, o censo revela que o total de marcapassos
implantados supera 765 por 1 milhão de habitantes. Já na França, na Itália e na
Alemanha, o total de implantes de marcapassos alcança, respectivamente, 1.019,
1.048 e 1.267 por 1 milhão de cidadãos.
“A gente tem batalhado para que isso [a diferença] seja
amenizado, mas os governos, os gestores de cada região, não são sensíveis à
resolutividade de um problema que não é difícil [de resolver]”, ponderou Stela.
Ela disse que existem médicos suficientes no país, bem como especialistas,
inclusive em cidades do interior, mas não é liberada verba para que o problema
dos pacientes possa ser resolvido. Isso faz com que muitos cardiopatas morram
enquanto aguardam a liberação de nova verba para o implante.
A médica destacou a importância da implantação de
marcapassos. Segundo ela, trata-se de um procedimento que “salva vidas e
previne”. Ela esclareceu que além dos marcapassos convencionais, há outros
tipos que melhoram a insuficiência cardíaca e evitam a morte súbita. “São
tratamentos resolutivos. Não é um tratamento paliativo. A gente realmente
consegue resolver o problema do paciente, melhorar a qualidade de vida,
diminuir a mortalidade”. Stela Sampaio lamentou, entretanto, que muitos
hospitais não apresentam capacidade de fazer procedimentos de alta
complexidade, o que aumenta a fila de espera. “É um sofrimento para nós e para
a população”.






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