Fonte: IBahia.
Engana-se quem pensa que o Teatro
Jorge Amado atuou apenas como locatário de pautas. Arregaçou as mangas para ser
também produtor e fomentador de espetáculos. Apoiou com a concessão gratuita de
pautas ou o chamado contrato de risco a inúmeros projetos artísticos.
Fotos: bahianoticias.com.br / irdeb.ba.gov.br
/ crcba.org.br
Salvador, BA (da redação Itinerante
do Blog MUSIBOL)
Gestora pede para que autoridades
sejam "sensíveis" à luta para manter o local em funcionamento;
decisão foi divulgada na quarta (10)
O Jorge Amado foi inaugurado em
1997 e até 2009 realizou mais de 3.700 apresentações para um público de mais de
um milhão de pessoas.
A assessoria de imprensa do
Teatro Jorge Amado divulgou na tarde desta quinta (11), um comunicado
esclarecendo as informações sobre o leilão do local, marcado para dezembro deste
ano. No texto, Fernanda Tourinho, gestora do empreendimento, pede para que os
"nossos governantes sejam sensíveis em aliar-se à esta luta" de
manter o teatro em funcionamento.
Leia o texto na íntegra:
"NOTA SOBRE O FECHAMENTO DO
TEATRO JORGE AMADO EM 2014
Nesta segunda feira, 8 de julho,
tomei conhecimento através de um funcionário da Desenbahia que o Tribunal de
Justiça da Bahia havia comunicado ao Banco seu não interesse em renovar o
contrato de comodato assinado em 2011, e a desistência da intenção de compra do
imóvel. Esta decisão obriga a Desenbahia a levar a leilão o prédio onde outrora
funcionava o Curso de Inglês UEC e onde hoje estão as Turmas Recursais do TJ-Ba
e o Teatro Jorge Amado.
A Desenbahia não pode manter-se
proprietária de um imóvel do qual não faz uso para suas atividades, e por
determinação do Banco Central precisa vendê-lo ainda este ano.
Como muitos devem estar
lembrados, em junho de 2010 o imóvel da Av Manoel Dias da Silva nº 2177 -
Pituba foi tomado de garantia por recuperação de crédito e o Teatro Jorge
Amado, que há 13 anos funcionava naquele local, construído que fora pelo UEC
com recursos da Desenbahia, esteve ameaçado de fechamento. Na ocasião um
movimento que envolveu imprensa, artistas, produtores e público, foi bastante
forte para sensibilizar a Secretaria de Cultura do Estado, o governador Jaques
Wagner e a direção da Desenbahia, de modo que foi assegurado ao Teatro Jorge
Amado a funcionalidade necessária para cumprir suas pautas comprometidas até
dezembro daquele ano.
Em janeiro de 2011 a Desenbahia
deu o imóvel em comodato ao Tribunal de Justiça da Bahia, e em acordo que
imagino tenha sido costurado pelos acima envolvidos, permitiram que o Teatro
também se mantivesse funcionando, sob minha gestão, até que a compra fosse
efetivada e um processo licitatório definisse o futuro da administração do
espaço cultural.
Durante esses 2 anos e meio o TJA
contou com o apoio do Tribunal de Justiça da Bahia para que a convivência entre
os dois estabelecimentos fosse respeitosa e de muita parceria, pois os espaços
de convivência são muitos e as especificidades das atividades muito diversas.
O Teatro Jorge Amado não é um
espaço cultural público, e não conta com o patrocínio nem governamental nem
empresarial. Embora conte com inúmeros apoios que sempre foram importantíssimos
para sua sobrevivência.
O resultado comercial de suas
pautas foi capaz de mantê-lo em atividade nestes 2 anos e meio, não obstante
incapaz de proporcionar melhorias mais significativas, como a substituição de
poltronas, carpetes e equipamentos.
Mas, mais do que resultados comerciais
favoráveis à sobrevivência sem patrocínios, o que mais parece significativo é a
dimensão que tomou aquele equipamento cultural após a turbulência pela qual
passou em 2010 e cujos números apresento agora:
Em 2011 o teatro Jorge Amado foi
palco de 371 apresentações e contou com um público de aproximadamente 117.000
pessoas.
Em 2012 foram 464 apresentações,
sendo 397 artísticas e abertas ao público e 67 eventos fechados para escolas e
empresas, formaturas, etc. O público que frequentou o teatro foi da ordem de
125.650 pessoas.
Em 2013 - de janeiro a junho,
portanto 180 dias, o TJA já realizou 190 apresentações, tendo sido 168 de
espetáculos artísticos e 22 eventos fechados. Um público de 52.119 pessoas.
Toda esta pujança de atividade
cultural rendeu-lhe a admiração da comissão de análise do projeto
"Salvador, um Exemplo Econômico Através da Cultura", que o Sebrae e a
Janela do Mundo estão a discutir ainda em parceria com a UFBA e a Prefeitura
Municipal de Salvador. Lá estiveram em abril deste ano um grupo de consultores
com ampla experiência no setor de desenvolvimento econômico através da Cultura,
do Turismo e das Pequenas e Médias empresas, integrantes da Escola de Negócios
IESE, da Universidade de Navarra, na Espanha. Disseram-se impressionados, até
mesmo na comparação com os resultados europeus nesta área, onde nenhum teatro
resiste sem a subvenção quase total do governo ou do setor empresarial.
Engana-se também quem pensa que
não foi um espaço cultural dos artistas da Bahia. Em 2012 foram 248
apresentações de espetáculos locais (de todas as linguagens artísticas) contra
132 de espetáculos vindos de outras praças.
Às vésperas de completar 16 anos
de sua inauguração, pelas mãos do próprio patrono e de seus mais diletos
amigos, todos já no descanso eterno, Carybé e Calasans Neto - o Teatro Jorge
Amado orgulha-se de ter sido palco de 5.500 apresentações e ter sido
frequentado por um público de aproximadamente 1.500.000 pessoas. Um espaço
cultural de 418 lugares!
"Que nesta Casa se faça
Cultura!", vaticina a placa de bronze descerrada pelas mãos de nosso
escritor maior a 9 de agosto de 1997.
O Teatro Jorge Amado não foi o
"teatro do UEC", embora esta pudesse ser também uma justa homenagem à
intenção primeira do empresário Nô Brito, que o idealizou. Foi e continua sendo
um espaço cultural da Cidade de Salvador da Bahia, e espero sinceramente, a
despeito da minha permanência em sua gestão, que este pertencimento lhe dê
justiça de sua continuidade. E que os nossos governantes sejam sensíveis em
aliar-se à esta luta!
Fernanda Tourinho
Gestora do Teatro jorge
Amado"








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