Por: Mauro Zanatta e Débora
Bergamasco. Fonte: estadao.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação
itinerante do Blog MUSIBOL)
Discussão sobre reajuste criou
tensão dentro do governo: presidente da Petrobrás tornou público modelo de
reajustes automáticos, mas ministro resistia e disse que ideia não poderia sair
‘de afogadilho’
Na disputa interna aberta no
governo em torno da dimensão e da forma do reajuste do preço da gasolina, a
presidente da Petrobrás, Graça Foster, ganhou o embate com o ministro da
Fazenda, Guido Mantega.
Graça defendia exatamente um
mecanismo que desse previsibilidade às correções da gasolina e do diesel, mas
Mantega resistia. Tanto é que, na quarta-feira, ocorreu um curto-circuito: a
presidente da Petrobrás divulgou um fato relevante explicando em linhas gerais
o novo mecanismo de preços, e o ministro disse que a medida ainda estava em
estudo e não poderia ser feita "de afogadilho".
A medida aprovada por Dilma,
segundo o Palácio do Planalto, será calibrada em detalhe para tentar não
pressionar a inflação, ainda a principal preocupação macroeconômica da
presidente. Objetivo declarado do governo até aqui, a manutenção dos índices de
inflação abaixo daqueles registrados no ano passado, é um ponto de honra para
Dilma.
Ao reforçar o caixa da estatal
para evitar novas "punições" do mercado, como um eventual
rebaixamento de nota pelas agências de classificação de risco, Dilma também
"premia" os esforços feitos por Graça Foster para recuperar as
finanças da empresa e blindar as operações de ingerências e nomeações
políticas. "Depois do que ela fez, o Mantega não poderia ganhar
essa", disse a fonte.
Embora considere
"excelente" o resultado obtido por Graça na petroleira, Dilma também
decidiu que o "gatilho" não será exatamente como quer a Petrobrás,
atrelado a cotações internacionais do petróleo e a fórmulas complexas de
indexação a produtos no exterior.
O País não pode, segundo a avaliação
do Palácio do Planalto, "importar" inflação derivada da flutuação das
cotações e da instabilidade típicas do mercado de petróleo. O uso do câmbio
como indexador dos preços internos também é considerado potencialmente perigoso
pelo governo. A ideia é que o efeito das oscilações do petróleo e do dólar
sejam calibrados.
Caixa. Dilma considera justo
dotar a Petrobrás de instrumentos de recomposição do caixa, bastante afetado
pelo alto endividamento, para suportar o volume de investimentos requeridos nos
próximos anos para a operação do recém-concedido campo de Libra.
Dilma também considera que Graça
fez "ótimo trabalho" ao desinflar a empresa, saindo de negócios
incertos ou duvidosos, livrando a Petrobrás de problemas em ativos complicados,
como a sociedade com a venezuelana PDVSA na refinaria Abreu e Lima, em
Pernambuco.
No Planalto, há um reconhecimento
de que a petroleira atrasou, e segurou o quanto foi possível, a pressão do
mercado financeiro por reajustes robustos. Mas avalia-se, ainda, que há pressões
exageradas em termos de índices de reajuste.
Fotos:
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