Por: Daniel Mello. Fonte: Agência Brasil
Fotos: 1.bp.blogspot.com / Ag. Brasil
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante do Blog MUSIBOL)
Levantamento divulgado hoje (7) pelo Observatório do Clima
indicou uma mudança no perfil das emissões brasileiras de gases de efeito
estufa de 1990 a 2012. Apesar de ainda ser a principal responsável pelas
emissões, a mudança do uso da terra, item relacionado ao desmatamento, está
agora em um patamar muito próximo da poluição gerada pelos setores de energia e
agropecuário.
Em 1990, o Brasil emitiu 1,39 bilhão de toneladas de gás
carbônico, sendo 815,8 milhões por mudanças no uso do solo. Em 2012, foi
enviado para a atmosfera 1,48 bilhão de toneladas do poluente, 476,5 milhões
ligados ao desmatamento. Apesar do crescimento das emissões brutas no período
ser apenas 7%, a evolução da geração de poluentes é irregular e chegou a
registrar elevações expressivas, como os 2,85 bilhões de toneladas verificados
em 1995.
“A redução do desmatamento na Amazônia nos últimos anos acaba
tornando a contribuição do setor de uso da terra menor em relação ao que era
registrado anteriormente, quando a gente tinha cerca de dois terços das
emissões vindos desse setor”, ressalta o
secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl. O
observatório reúne 35 organizações não governamentais e da sociedade civil
interessadas nos efeitos das mudanças climáticas. “Hoje, a gente tem uma
participação muito maior da agropecuária e do setor de energia, nos quais as
emissões estão crescendo significativamente, e isso representa uma mudança do
perfil de emissões”, completa.
O setor de energia era responsável, em 1990, pela emissão de
193,1 milhões de toneladas de gás carbônico. Em 2012, passou a gerar 436,7
milhões de toneladas de poluentes. Carlos Rittl alerta que há a tendência de
que o setor aumente ainda mais a emissão de gases de efeito estufa. Ele
destaca, por exemplo, que o plano colocado para consulta pública pelo
Ministério de Minas e Energia prevê prioridade nos investimentos em
combustíveis fósseis nos próximos dez anos. “Ele indica 72% de investimentos em
combustíveis fósseis, em todos os investimentos para a área de energia. Isso é
preocupante”, diz, ao lembrar das expectativas em relação aos rendimentos do
petróleo do pré-sal. “A gente viu a celebração do governo pelo leilão do Campo
de Libra, o primeiro grande leilão das reservas do pré-sal”.
Em relação ao setor agropecuário, Carlos atribui o
crescimento das emissões principalmente ao aumento do rebanho bovino com
práticas pouco eficientes. “Essa nossa pecuária pouco eficiente, com um animal
por hectare, com práticas de manejo muito precárias, acaba nos levando a esse
aumento significativo de emissões”, ressalta.
Segundo o secretário, a intenção é que a divulgação dos dados
ajude a promover um debate mais objetivo e eficiente sobre as maneiras de
reduzir a poluição em todos os setores avaliados. “A gente está disponibilizando
esses dados e as planilhas para que a sociedade, o cidadão interessado e o
tomador de decisão possam ter ciência da trajetória de emissões nos últimos
anos, já que os dados oficiais vão somente até 2010”, explica.
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