Por: Thais Leitão e Ivan Richard. Fonte: Agência Brasil
Fotos: portalctb.org.br /
dialogospoliticos.files.wordpress.com
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante
do Blog MUSIBOL)
A ampliação dos direitos trabalhistas de empregados
domésticos, desde a promulgação da emenda à Constituição que concedeu à
categoria garantias iguais a dos demais trabalhadores, reforça a tendência de
fechamento de postos no setor, na avaliação de especialistas. Dados divulgados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Mensal
de Emprego (PME), mostram que os trabalhadores domésticos foram o único
grupamento de atividades que tiveram queda nas vagas disponíveis de setembro do
ano passado a setembro deste ano.
Segundo a PME, houve redução de 164 mil postos de trabalho no
serviço doméstico no período (queda de 10,6%). Para o conjunto das seis regiões
metropolitanas brasileiras pesquisadas, considerando todas as categorias, a
taxa de desemprego ficou em 5,4% em setembro deste ano, pouco maior do que a de
agosto (5,3%) e a mesma de setembro de 2012.
Na avaliação do mestre em direito do trabalho e professor da
pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Ricardo
Pereira, a forma como as alterações na contratação de empregados domésticos
foram apresentadas pela mídia causou pânico entre os empregadores, que acabaram
dispensando muitos funcionários.
"Verificamos um movimento de dispensa de empregados
domésticos, em boa parte, porque a propaganda não foi positiva e acabou criando
pânico. Muito do que se falou não era verdade, porque o impacto no orçamento
das famílias não seria imediato. Na verdade, a única coisa que mudou, até
agora, foi a limitação da jornada de trabalho em 44 horas semanais, devendo
haver pagamento de horas extras em caso de extrapolação", disse.
"Todos os outros direitos, como recolhimento obrigatório do FGTS [Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço], seguro-desemprego, indenização em demissões sem
justa causa, salário-família e auxílio-creche, por exemplo, ainda dependem de
regulamentação", acrescentou.
Para a presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras
Domésticas, Creuza Maria Oliveira, os dados do IBGE não surpreendem, já que a
categoria esperava aumento nas demissões em razão das alterações na forma de
contratação em empregados domésticos. Em sua opinião, a pesquisa reflete que as
pessoas preferem abrir mão do serviço feito por esses trabalhadores a incluir
os gastos com os novos direitos no orçamento familiar.
"Faz parte, não é novidade, na conquista dos direitos
das gestantes também foi assim e agora não será diferente. As pessoas não
querem cumprir a lei. Querem ter uma trabalhadora na sua casa, mas não querem
gastar mais. Querem gastar com qualquer coisa, mas não com as
trabalhadoras", lamentou, lembrando a situação degradante a que muitos
integrantes da classe são submetidos até hoje. "[Muita gente não sabe] mas
horas extras estão valendo. Muitos mantêm as trabalhadores morando no local de
trabalho [e trabalhando além do limite de 44 horas semanais]. Parece que não
estão levando a sério os direitos adquiridos. E aquelas pessoas que têm
conhecimento, estão com medo, não querem pagar [os direitos] e não estão
contratando", disse.
0 comentários:
Postar um comentário