Por: Kelly Oliveira. Fonte: Agência Brasil.
Fotos: oestadodoparana.pron.com.br
Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
O Brasil está preparado para enfrentar as oscilações do mercado
financeiro global, geradas pela decisão dos Estados Unidos de reduzir estímulos
monetários. A avaliação foi feita hoje (31) pelo presidente do Banco Central
(BC), Alexandre Tombini, em discurso no 6º Congresso Internacional de Mercados
Financeiro e de Capitais, organizado pela BM&F Bovespa, em Campos do
Jordão, São Paulo.
Tombini disse que a economia mundial passa por um processo de transição,
com a recuperação econômica dos Estados Unidos. “Diga-se de passagem, transição
positiva, pois significa que a recuperação da maior economia do mundo está
ganhando força e isso representará maior crescimento da economia e do comércio
global à frente.”
Apesar das características positivas da transição, Tombini destacou que
o processo de normalização das condições monetárias nas economias avançadas
gera volatilidade (fortes oscilações), principalmente nos mercados de economias
emergentes, como o Brasil. “As economias emergentes são as mais impactadas por
essa volatilidade. Sempre foi assim. E não é diferente no caso da economia
brasileira.”
“Os mercados se anteciparam aos fatos e, na ausência de informações
claras e precisas de como se dará esse processo de retirada dos estímulos
monetários, os preços dos ativos financeiros estão mais voláteis, oscilando ao
sabor de cada dado sobre o ritmo de atividade da economia norte-americana”,
ressaltou Tombini.
Segundo o presidente do Banco Central, a estratégia da instituição é
clara: “Usaremos nosso amplo rol de instrumentos para reduzir a volatilidade
excessiva e mitigar potenciais riscos à estabilidade financeira.” De acordo com
Tombini, essa estratégia será usada o tempo que for necessário, em todo o período de transição "entre o
mundo atual e o mundo à frente, de condições monetárias normalizadas e maior
crescimento da economia e do comércio global”.
Desde o fim de maio, o sistema financeiro global enfrenta turbulências
por causa da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos
Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a maior economia do
planeta. Com menos dólares em circulação, a cotação da moeda norte-americana
fica mais alta em todo o mundo.
Tombini disse que o Brasil está preparado para enfrentar a volatilidade
porque o sistema financeiro brasileiro está “sólido, com elevados níveis de
capital, liquidez e provisões”.
Desde que a volatilidade aumentou, o país manteve fluxo positivo tanto
de investimento estrangeiro direto (que vai para o setor produtivo da economia)
quanto de portifólio (ações e títulos de renda fixa), “inclusive com o aumento
da participação de investidores estrangeiros na dívida mobiliária pública
interna”.
“É importante ressaltar que eventuais saídas [de investimento
estrangeiros] pontuais são naturais, não representando mudança de tendência,
nem alterando as condições de financiamento do país e o acesso de empresas
brasileiras ao mercado financeiro internacional”, destacou Tombini. Ele lembrou
que, nos últimos dois anos, o país continuou a ampliar o “colchão de segurança
e de liquidez”. “Adicionamos quase US$ 90 bilhões às nossas reservas
internacionais, que hoje ultrapassam US$ 370 bilhões.”
Ele explicou que esse “colchão” permite ao Banco Central, no atual
“período de transição, marcado por níveis mais elevados de volatilidade e pelo
aumento da aversão ao risco, ofertar proteção (hedge) aos agentes econômicos e,
se necessário, liquidez aos diversos segmentos do mercado”.
Tombini disse que, na semana passada, o BC anunciou o programa de
leilões diários de venda de dólares, pelo menos até o final do ano. “Esse
programa, além de conferir previsibilidade, ofertará aos agentes econômicos
proteção cambial superior a US$100 bilhões, se considerarmos o montante de
proteção que já foi disponibilizado”.
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