Da Agência Câmara. Fonte: Ibahia.
Fotos: meualbum.pt
/ forte.jor.br
Serrinha, BA (da redação
Itinerante do Blog MUSIBOL)
Debate conclui que o terrorismo
constitui uma ameaça difusa que exige ação coordenada de vários órgãos de
segurança
A Copa do Mundo 2014 e as
Olimpíadas de 2016 deixam o Brasil sob o risco efetivo de atentados terroristas
e o País ainda não está devidamente preparado para enfrentá-los. Esta é a
conclusão da maioria dos palestrantes que participaram, na quinta-feira (19),
dos debates técnicos do seminário "Terrorismo e Grandes Eventos", promovido
pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos
Deputados e pela Comissão Mista de Controle de Inteligência do Congresso
Nacional.
Segundo eles, o terrorismo
constitui uma ameaça difusa que exige ação coordenada de vários órgãos de
segurança, além de intercâmbio permanente de dados internacionais.
Especializado em contraterrorismo, o policial legislativo federal Marcus Reis
sintetizou essa preocupação. "O terror atua de forma descentralizada, até
por causa da globalização. Essas organizações estão buscando o que a gente
chama de invisibilidade diante das políticas, já estão em redes e são
totalmente descentralizadas. O Estado tem que aprender a combatê-las assim.
Depois de Munique, o Brasil não pode alegar inocência e dizer que não sabia. A
gente sabe e conhece: são ameaças".
As Comissão de Relações
Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), de Relações Exteriores e Defesa
Nacional do Senado (CRE) e a Comissão Mista de Controle de Inteligência do
Congresso Nacional realizam seminário internacional para discutir terrorismo e
grandes eventos, no que diz respeito a prevenção de ações terroristas, medidas
de segurança em grandes eventos e reflexões para o futuro.
Reis referiu-se ao atentado
terrorista ocorrido durante as Olimpíadas de Munique, em 1972, feito pelo grupo
Setembro Negro. De lá para cá, a situação só piorou. Para a Agência Brasileira
de Inteligência, a morte de Osama bin Laden, da Al Qaeda; o aumento do
xenofobismo na Europa; os conflitos na Síria; e o acesso fácil às técnicas de
explosivos via internet elevam os riscos de vingança e de ações de grande
impacto por parte de grupos terroristas.
Necessidade de investimento
Representante de um centro
norte-americano de assuntos internacionais, o brasileiro Hussein Ali Kalout,
reconheceu que os agentes da inteligência e das Forças Armadas brasileiras são
competentes, mas o baixo investimento é preocupante. "O material humano é
do mais alto calibre. O problema é que para se ter uma política de
contraterrorismo é preciso de investimento, treinamentos e equipamentos
modernos. Será que vamos ter capacidade de investir pesadamente nisso? Os
Estados Unidos partiram para um orçamento megabilionário e, com isso,
consegue-se fazer trabalho em campo, infiltrar pessoas, mandar pessoas para o
exterior para mapear os grupos e saber por que e como agem".
Ações governamentais
Já o coordenador a área de
inteligência da Secretaria Extraordinária para os Grandes Eventos, Alessandro
de Campos, informou que foram feitos investimentos recentes em equipamentos
para distúrbios civis, como armamentos não letais, imageador aéreo, máscaras
contra gás e a instalação de delegacias móveis. Segundo a Agência Brasileira de
Inteligência (Abin), as ações preventivas foram intensificadas em grandes
eventos recentes, como a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Rio+20) e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que reuniu 3,5 milhões de
pessoas no Rio de Janeiro durante uma semana.
O diretor do Departamento
Contraterrorismo da Abin, Luiz Alberto Salaberry, afirmou que, frequentemente,
são realizados exercícios simulados; palestras de sensibilização em hotéis e
com o pessoal receptivo dos aeroportos; e orientações ao setor privado. Também
foi formalizado o Sistema Eletrônico de Coleta e Compartilhamento de Dados
(Secod), envolvendo os dados de 500 instituições do País. Há ainda um centro nacional
de inteligência, com sede em Brasília, e 12 regionais, que mantêm contato quase
permanente com órgãos de inteligência de 82 países. Para melhorar essa
estrutura, Salaberry defendeu maior dotação orçamentária e novos concursos
públicos para a Abin, além da aprovação da Política Nacional de Inteligência.
Preparo do Exército
O Exército já dispõe de um Centro
de Coordenação de Prevenção e Combate ao Terrorismo, com sede em Brasília, e 12
Centros de Coordenação Tático Integrado, nas cidades-sede da Copa de 2014.
Segundo o general de brigada Júlio Arruda, que comanda as atividades
preventivas, os exercícios de simulação acontecem com frequência e testes
efetivos foram realizados na JMJ, com a instalação de postos de descontaminação
(para os casos de ataques com armas químicas e biológicas), varreduras contra
explosivos (com detectores modernos e cães farejadores) e atiradores de elite.
As ações envolvem vários outros
órgãos públicos, como a Receita Federal (e seus scanners de bagagem), a
Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), as Forças Armadas e as polícias
federal, civil e militar.
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